Cansada de assuntos políticos que, infelizmente, viraram questão de polícia, vou hoje mudar o disco.
Dia desses acompanhei ao ortopedista a filha de uma amiga minha, de apenas 10 anos de idade e que sente dores terríveis nos joelhos. Diagnóstico: a menina está crescendo em padrões acima do normal para as mulheres. Tratamento: nos dias em que a dor ficar muito forte, repouso e gelo nos dois joelhos. Nos demais, muita ginástica aeróbica, natação, corrida ou caminhada mais puxada, bicicleta – nada de infiltrações ou operações. E perda de peso, pois a mãe já é considerada obesa, e a menina imita o tanto que a mãe come.
Saímos de lá animadas, embora eu tenha receio de que a menina não consiga mudar o padrão de comportamento com a comida. Toda mudança é extremamente difícil na vida. Sei o que tive de aguentar para deixar de fumar, depois de malditos 43 anos seguidos e ao custo de um enfisema pulmonar.
Tenho comparado constantemente o problema da menina com as dores aqui e acolá que venho sentindo. Aliás, aprendi com o ex-deputado Roberto Brant que, “depois dos 50 anos de idade, quem acordar sem dor alguma é sinal de que já morreu”. Achei engraçado o conselho e sempre me lembro dele quando surgem meus achaques: dói a coluna, doem os joelhos, câimbras às vezes, mormente quando não faço os exercícios físicos a que estava acostumada. Aliás, morar em Brasília só me trouxe um conforto: as longas caminhadas na retidão do Planalto Central e um personal trainer fora de série, especializado na terceira idade, Victor Reyes, que me acompanhava na academia, com uma atenção e um carinho notáveis.
Desde que voltei para Minas, entre Belo Horizonte e Santa Luzia, indo e vindo, ainda não acertei um modo de me exercitar. Às vezes, caminho na piscina. Mas até isso anda mudado: Santa Luzia alterna muita chuva, muito sol e muito vento nesta época do ano. Já tenho usado uma manta à noite, pois as madrugadas, anunciadas pelo rosado das nuvens no fim da tarde, têm esfriado bastante. E estamos apenas em fevereiro.
Mas de todas essas dores do envelhecimento, o que piora tudo são as brigas com pessoas queridas, o afastamento de outras que já foram meus maiores amigos. Incompreensões de minha parte e da parte deles também, pois enfrento uma difícil adaptação depois de 11 anos seguidos morando num hotel em Brasília. Fora os outros períodos em que lá estive como deputada, como secretária executiva do Ministério do Trabalho e Emprego e como aposentada precoce, aos 61 anos, porque o Brasil já está se dando ao luxo de nos empurrar para nossos aposentos (isso é que significa “aposentar”), tratando pessoas que ainda podiam, deveriam e gostariam de trabalhar na roleta rumo ao abismo em que andaram nos colocando governos sem nenhuma responsabilidade.
O jeito é sofrer calada. Ainda bem que posso escrever estes artigos e ainda me encontrar com (poucos) amigos e familiares que compreendem nossos dramas diários.
Tenho sorte com esses e com os livros que devoro.
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