Acabo de descobrir que “compaixão” quer dizer “sentir junto”. Descubro justamente quando tenho me colocado no lugar do outro, de outros... Desconhecidos, de pessoas que nunca cruzaram comigo e que talvez nunca cruzem.
De sentir o que é perder tudo para a lama imunda, tóxica: a casa, a roça, a vista da montanha, as galinhas, o fogão a lenha, os peixes pra pescar, o rio que fez parte da minha vida (justo eu, que nasci e me criei numa cidade industrial).
Tenho me colocado no lugar daquele outro, lá longe, que perdeu tudo num raio muito maior e nem pode fugir, porque não o aceitam. E a única certeza que tem é que o número de bombas a cair sobre sua cabeça vai aumentar assustadoramente (eu, que não sei o que é viver sob a guerra).
Tenho me colocado no lugar dos que acabaram de chegar a cidades estranhas e que, em vez de sentirem alívio por terem conseguido fugir da guerra, estão atemorizados com o que pode lhes acontecer (eu, que quando fui estrangeira, nunca fui discriminada).
Tenho me colocado no lugar daquele cuja religião é confundida com radicais assassinos e penso em quanto sua vida pode tornar-se insuportável daqui pra frente (eu, que nem tenho religião).
Tenho me colocado, também, no lugar daquele outro, nem tão desconhecido assim. E tenho sentido o que é sair para jantar com amigos, ou ir a um show de rock, ou a uma partida de futebol, numa sexta-feira fria de outono, e, de repente, estar diante do terror: tiros, gritos, sangue, mortos... (eu, que certamente faria qualquer um desses passeios se estivesse naquele lugar, naquela hora).
A compaixão é um exercício, descubro, que deve ser praticado cotidianamente para que não seja manipulado, seletivo. Quanto mais o exercito, mais consigo sentir o que o outro sente. Compaixão é o oposto da barbárie.
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