Era um casamento, em que eu e ele, nascidos na mesma geração, dividíamos problemas, frustrações, desafios, alegrias, perrengues. Ele, calmo e silencioso. Eu, agitada e falante. A fala dele, baixa e pausada. A minha, alta e rápida. Opostos complementares. Um yin (o princípio feminino, a água, a passividade, escuridão e absorção) e um yang (princípio masculino, o fogo, a luz e atividade) invertidos, só pra dar mais sabor e não ser óbvio.
Uma parceria que durou uma década e alguns “filhos”, que iam e vinham, e nós ali, firmes e fortes. Uma relação sem brigas nem ressentimentos. Apenas aquela irritação, de vez em quando, de o outro ser tão devagar e de a outra ser deveras geniosa.
Eu, paulista, ele, mineiro, reproduzíamos a velha política do Café com Leite numa esfera doméstica. Sem as pretensões oligárquicas da Velha República de ter o domínio do país, a nossa união servia a um interesse menor, mas não menos importante, na nossa concepção. E, diferentemente daqueles, o mineiro nunca abandonou a paulista por nenhuma gaúcha ou paraibana.
Não éramos melhores amigos, mas tínhamos aquela solidariedade indispensável na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. Era leve, tudo muito leve, porque fechávamos um com o outro. Confiança podia ser a palavra para definir o que nos alimentava e nos fazia seguir sempre em frente sem arroubos, de nenhuma ordem.
Uma relação que, para quem observava de longe, era difícil acreditar como dava certo. Mas dava. Deu.
E terminou, sem que nenhum dos dois quisesse o seu fim.
Nada a reclamar um do outro, nenhum pesar sobre nossos ombros. Um forte abraço e lágrimas para marcar o fim. No mais, só boas lembranças e a certeza de que fomos leais um ao outro. Isso deve bastar.
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