“Nós apenas começamos”, disseram estudantes secundaristas, na sexta-feira, ao desocuparem a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), cumprindo uma ordem judicial que os obrigava a sair em 24 horas ou pagar multa de R$ 30 mil ao dia por pessoa. A ocupação, que durou quatro dias, foi uma forma de pressionar os deputados estaduais a instaurar uma CPI que investigue os desvios de recursos públicos destinados à compra de alimentos para merenda escolar de prefeituras e do governo paulista.
O recado foi dado. Ontem, foi aprovada a CPI da Merenda na Alesp.
Tudo na luta desses meninos me emociona: o fato de eles tomarem pra si uma missão que seria de todos nós; de não se amedrontarem diante do deputado/coronel truculento, exigindo respeito; de contagiarem secundaristas de várias partes do país, que começam a se mobilizar; de ganharem a solidariedade de estudantes de escolas particulares; de ousarem resistir; e não pensarem em desistir.
É um sopro de esperança num momento em que o país caminha para virar uma republiqueta, onde “partido político é meio de comunicação e divulgação de ação publicitária; Justiça é união de pessoas com objetivo de fazer política; e mídia é o poder responsável por condenar e inocentar pessoas e instituições”, como bem definiu meu amigo Duke no Facebook.
Uma republiqueta em que não se respeita o resultado de eleições, onde a Câmaras dos Deputados mais parece um circo, onde a Polícia Federal é capaz de deter 73 mulheres pelo simples fato de se manifestarem dentro de um avião contra dois deputados presentes no mesmo voo – a mesma PF que deixa solto um réu confesso.
Uma republiqueta que vai extinguir, entre outros, o Ministério da Cultura e o Ministério da Cidadania e vai dar uma banana para as poucas conquistas sociais até aqui alcançadas.</CW>
Por isso, a importância da luta desses meninos – sim, meninos, a grande maioria deles não atingiu a maioridade. Eles foram tratados como bandidos, como delinquentes, por aqueles que deveriam protegê-los, por aqueles que deveriam dar a eles educação e saúde.
Com essa segunda vitória – no ano passado eles conseguiram brecar o plano de “reorganização” escolar apresentado pelo governo, que acarretaria o fechamento de unidades e a transferência de milhares de estudantes – conquistada, os secundaristas de São Paulo são, neste momento, a resistência mais importante contra o retrocesso. Embora a luta deles seja uma questão específica do Estado de São Paulo, eles mostram para o Brasil como é que se faz.
E é bom todos ouvirem o recado da molecada. Como diz a música de Dani Black, feita especialmente para eles: “E nem me colocando numa jaula, porque sala de aula essa jaula vai virar”.
Clique e participe do nosso canal no WhatsApp
Participe do canal de O TEMPO no WhatsApp e receba as notícias do dia direto no seu celular
O portal O Tempo, utiliza cookies para armazenar ou recolher informações no seu navegador. A informação normalmente não o identifica diretamente, mas pode dar-lhe uma experiência web mais personalizada. Uma vez que respeitamos o seu direito à privacidade, pode optar por não permitir alguns tipos de cookies. Para mais informações, revise nossa Política de Cookies.
Cookies operacionais/técnicos: São usados para tornar a navegação no site possível, são essenciais e possibilitam a oferta de funcionalidades básicas.
Eles ajudam a registrar como as pessoas usam o nosso site, para que possamos melhorá-lo no futuro. Por exemplo, eles nos dizem quais são as páginas mais populares e como as pessoas navegam pelo nosso site. Usamos cookies analíticos próprios e também do Google Analytics para coletar dados agregados sobre o uso do site.
Os cookies comportamentais e de marketing ajudam a entender seus interesses baseados em como você navega em nosso site. Esses cookies podem ser ativados tanto no nosso website quanto nas plataformas dos nossos parceiros de publicidade, como Facebook, Google e LinkedIn.
Olá leitor, o portal O Tempo utiliza cookies para otimizar e aprimorar sua navegação no site. Todos os cookies, exceto os estritamente necessários, necessitam de seu consentimento para serem executados. Para saber mais acesse a nossa Política de Privacidade.