É curioso notar como o discurso do macho é poderoso. Tão poderoso que, mesmo quando se trata de um pedido de desculpas, vem permeado de intimidação. Estou falando de Cláudio Assis, que, juntamente com Lírio Ferreira, dois dos principais cineastas brasileiros, deu vexame num debate sobre o longa “Que Horas Ela Volta?”, de Anna Muylaert, em Recife, no sábado passado, tumultuando o evento.
O filme, vejam só, é sobre o protagonismo feminino e tem feito grande sucesso, de público e de crítica, dentro e fora do país. Acaba de estrear no Brasil e era tema de um bate-papo da diretora com o público, no Cinema do Museu, naquele sábado.
Assis e Ferreira acompanhavam Anna no debate, mas não deixaram a amiga brilhar. “Quando viram uma mulher em evidência, precisaram atrapalhar o momento”. “Eles estavam bastante alcoolizados. Agiram de maneira infantil e boba, numa atitude de egolatria comum aos homens”, disse Muylaert à imprensa.
Segundo relato do diretor de arte de “Que Horas Ela Volta?”, Thales Junqueira, presente no debate, os cineastas “tentaram impedir uma mulher diretora de falar sobre seu próprio cinema”, num “show de machismo, sexismo, gordofobia (Assis, num determinado momento, chamou Regina Casé de “gorda”): insetos em volta da lâmpada”.
Após grande repercussão, ontem, os dois pediram desculpas. Lírio Ferreira lançou mão da velha desculpa “estava bêbado”, mas Assis veio com a pérola: “Quem quiser, de forma conservadora e careta, me crucificar, assista qualquer cinco minutos de uma obra que também é de roteiristas, técnicos e atores que junto comigo são contra qualquer tipo de opressão e discriminação”.
Notem: “CARETA E CONSERVADOR”, para Cláudio Assis, não é ele perpetuar a prática milenar de tirar a mulher do protagonismo, mas quem o crucifica.
Como disse Muylaert, o grande tema do seu filme é revelar “justamente as regras sociais invisíveis que nos regem muitas vezes sem nossa própria consciência”.
Cláudio Assis viu “Que Horas Ela Volta?”, mas não entendeu nada.
Clique e participe do nosso canal no WhatsApp
Participe do canal de O TEMPO no WhatsApp e receba as notícias do dia direto no seu celular
O portal O Tempo, utiliza cookies para armazenar ou recolher informações no seu navegador. A informação normalmente não o identifica diretamente, mas pode dar-lhe uma experiência web mais personalizada. Uma vez que respeitamos o seu direito à privacidade, pode optar por não permitir alguns tipos de cookies. Para mais informações, revise nossa Política de Cookies.
Cookies operacionais/técnicos: São usados para tornar a navegação no site possível, são essenciais e possibilitam a oferta de funcionalidades básicas.
Eles ajudam a registrar como as pessoas usam o nosso site, para que possamos melhorá-lo no futuro. Por exemplo, eles nos dizem quais são as páginas mais populares e como as pessoas navegam pelo nosso site. Usamos cookies analíticos próprios e também do Google Analytics para coletar dados agregados sobre o uso do site.
Os cookies comportamentais e de marketing ajudam a entender seus interesses baseados em como você navega em nosso site. Esses cookies podem ser ativados tanto no nosso website quanto nas plataformas dos nossos parceiros de publicidade, como Facebook, Google e LinkedIn.
Olá leitor, o portal O Tempo utiliza cookies para otimizar e aprimorar sua navegação no site. Todos os cookies, exceto os estritamente necessários, necessitam de seu consentimento para serem executados. Para saber mais acesse a nossa Política de Privacidade.