A política partidária, com suas manhas e complexidades, não pode, mesmo, ser analisada como se fosse uma ciência exata... Assim é que, sem se saber quando ou como, foi dada a largada ao processo sucessório de 2018, com os ministros José Serra e Henrique Meirelles saindo na frente. Ainda bem: com qualquer um dos dois o Brasil estará muito bem servido.
Penso que nunca houve em nosso país alguém que merecesse esse galardão mais que o ministro José Serra. E explico: inteligente, trabalhador e culto, já prestou inestimáveis serviços ao Brasil e, sendo economista, teve a coragem de quebrar patentes de remédios das principais e poderosas indústrias de medicamentos e de instituir a fabricação dos genéricos para minorar os males dos pobres de nossa terra. Alguém que faz um bem desse sem saber a quem merece ser atendido em suas pretensões políticas. Imaginem como fariam, hoje, os governos para atender os menos favorecidos, não fosse tal medida?
Henrique Meirelles, que colocou ordem nas finanças do país nas gestões do Lula, volta agora para consertar a maior catástrofe financeira que o país já viveu, coisa só comparada à irresponsabilidade das mineradoras, que liquidaram com quase um terço do território mineiro (e, até hoje, ninguém foi preso por essa verdadeira desgraça).
Meirelles já deu sinal de sua capacidade de ditar normas de comportamento para uma sociedade complexa e teimosa como a nossa. Estamos no limiar dos nossos recursos financeiros e bem próximos de uma quebradeira geral, com o país devendo quase o mesmo que produz durante um ano, tudo isso por incapacidade e loucura de um governo despreparado e analfabeto funcional...
O trabalho dos dois ministros já começa a dar bons frutos. Penso que a missão do Meirelles é mais difícil que a do Serra, tão difícil como arrancar água de pedra... Administrar sem dinheiro é uma coisa, mas sem dinheiro e devendo até as cuecas é quase milagroso.
O presidente Temer, criticado por não ter escolhido ministros negros e ministras para compor seu “staff” nem artistas para o agora, novamente ministério da Cultura, poderia, se quisesse, apresentar um argumento que acabaria com a celeuma dessa divisão: bastaria dar publicidade à lista dos beneficiados com a chamada “Lei Rouanet”, de incentivo à cultura, e mostraria à sociedade o porquê de tanta gritaria. Muitos artistas continuam “lavando a égua com esse dinheirão”, de Chico Buarque a Mc Guimê... A lista dos milhares de beneficiados circulou na internet na última semana. Está certo o governo, os assuntos são compatíveis, mas, educação é uma coisa, cultura é outra. E incentivar a cultura não é, definitivamente, privilegiar artistas de teatro e televisão...
Nos governos do PT, que eu me lembre, não houve ministras de Estado, talvez “comadres do governo”. Vamos deixar o Temer trabalhar: seu tempo é curto e nem sabemos ao certo até quando governará... Tomara que seja até 2018, para felicidade geral da nação...
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