O PSDB lançou o senador Antonio Anastasia para governador na última sexta-feira. Ele autorizou seu partido a usar seu nome em negociações para formar a melhor frente partidária possível.
O gesto põe reparo imediato na hemorragia do PSDB. A cauterização durará pelo menos até 3 de abril, quatro dias antes do encerramento do prazo fatídico das filiações e desincompatibilizações, justamente quando ele voltará da Suíça ao reparo do hálito das feras.
Os tucanos ficaram assim outorgados com a condicionante de uma aceitação definida por Anastasia. Gastarão o cacife representado pelo prestígio do ex-governador, na reta final dessa primeira etapa pré-eleitoral. Entende-se, na falta de maiores explicações, que ao retornar do exterior se posicionará oficialmente para um sim ou um não.
A tradução dos fatos: tudo é possível.
Que recue se os arranjos do PSDB não forem suficientemente animadores e convincentes, ou que avance caso as perspectivas sejam animadoras no limite da invencibilidade. Aí quer dizer que, se na arca embarcarem todas as espécies, a coisa vai pra frente.
A cessão de seu nome está condicionada no limite temporal de sua volta dos Alpes suíços e na condição que se forme um exército estrepitosamente forte.
De relance, e isso importa aos deputados candidatos à reeleição, o nome de Anastasia estancará a sangria de desfiliações de prefeitos e lideranças, podendo atrair novos aliados. Com ele, o protagonismo volta a iluminar o PSDB. Atende o desejo de Geraldo Alckmin, sem palanque definido em Minas, e sem dúvida ajuda Aécio Neves a disputar o Senado, depois de acuado ao limite do desespero pelas denúncias de Rodrigo Janot.
Anastasia atende vários objetivos, menos o dele de ficar em paz. Será um facilitador nas composições tucanas e dá novo alento para a reeleição dos atuais parlamentares desgastados, como desgastado é todo o Congresso Nacional.
Nota-se que a falta de entusiasmo do candidato lançado às feras se deu sem apresentação debaixo de holofotes, circunstância que deixa o momento como o primeiro estágio de um lançamento partidário, que colocará em órbita eleitoral o PSDB.
Se a viagem nas alturas continuará até o planeta “Palácio Tiradentes” é outra questão ainda incerta. O partido quer se valer da imagem de Anastasia para colocar suas candidaturas proporcionais em condição de viabilidade, já que, em seguida, com o tanque cheio de fundos partidários, terá força para ser um dos players da contenda ao governo.
O PSDB precisa alcançar a camada da credibilidade e deixar de afugentar alianças, ganhar, assim, um raio de manobra orbital até para se acertar com Rodrigo Pacheco ou lançar com credibilidade o deputado Marcus Pestana para governador, ele que se declarou disposto ao “sacrifício” para garantir palanque a Alckmin.
Anastasia foi sacudido um dia antes do anúncio pelo recado de Aécio Neves durante visita a Contagem, quando sentenciou: “A responsabilidade para com o Estado e os municípios que representamos fala mais alto que nossas vontades pessoais”. Daí em diante cessou o mantra das chuteiras penduradas de Anastasia. O PSDB partiu para a conquista de Minas, ou um balão de ensaio estruturado com aspecto de credibilidade.
A “injunção” ecoou como um “brado retumbante às margens plácidas do Senado”, tirou Anastasia do conforto, do sentimento de “missão cumprida” até o fim. Deu sinal de que a hora é de engraxar as chuteiras ressecadas e voltar ao campo, com lábaro tucano, capitaneando o time de veteranos.
O PSDB, como o exército napoleônico depois do malogro de Moscou, volta a se reconstituir.
Isso aconteceu embora Anastasia tenha dado explicações que difundem a sensação de um Estado irreparavelmente quebrado com déficit em suas contas, com o rombo previdenciário e o desarranjo tributário. E qual a fórmula tucana que podem resolver? Uma disputa direta contra Pimentel será acirrada, e o debate sobre as origens e as causas da maior crise enfrentada por Minas levará os dois a explicações dolorosas.
Isso pode dar vantagens a uma terceira via e derrotar os dois no mesmo confronto?
Abre-se assim uma fase inesperada da qual Anastasia não conseguiu escapar. Agora ele é o ator principal.
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