Em Brasília, por onde passei na quarta-feira, senti que ninguém tem mais dúvida sobre o afastamento de Dilma nos próximos dias e sua substituição por Michel Temer. Os endereços das lideranças do PMDB na Câmara e no Senado recebem mais visitas que o próprio Planalto em dia de festa.
Procuram-se cargos e ministérios, mas, diferentemente da véspera de posse de um presidente consagrado pelo voto popular, e com ele seu partido, a preocupação maior está nos resultados que o PMDB poderá alcançar de imediato com medidas pontuais e acertadas.
O poder que Temer recebe é o mais frágil que se conhece, contaminado por Eduardo Cunha, por várias ações judiciais e contestações éticas. Somam-se delações premiadas, Lava Jato, inquéritos, como poucos sofreram na história deste país. O que valeu para afastar Dilma pode valer, ainda mais, para despachar Temer a qualquer momento. Ao contrário do que aconteceu com Itamar Franco em 1992, quando assumiu pela renúncia forçada de Fernando Collor, o atual vice-presidente recebe uma oportunidade, e não mais que uma, para mostrar em curtíssimo prazo que poderá devolver a credibilidade e os empregos perdidos ultimamente.
Não é pela auréola de santo ou pela força política, quanto menos por ser popular e admirado, que subirá a rampa. Foi especialmente pelos erros não perdoados de Dilma e pela inconteste atuação de Eduardo Cunha na condução do impeachment que Temer estará com as rédeas do governo.
O balde da paciência entornou pela catástrofe econômica, mais que por pedaladas, mero pretexto. Delito nenhum, num país de larga tolerância ética como o Brasil, estará ameaçado enquanto a economia funcionar e o bem-estar atingir a população. Aí está o desafio de Temer, em ganhar força e credibilidade desde o primeiro momento, quando todas as expectativas estiverem apontadas para ele.
Dos setores produtivos, à exceção da agricultura salvadora da pátria, o resto está em frangalhos. Seja quem for o presidente, um anjo ou um demônio, tem a torcida para realizar uma recuperação, custe o que custar, da economia.
O fechamento de empresas e a perda de milhões de vagas de empregos, as contas que não fecham na União, nos Estados e nos municípios, a máquina pública emperrada, famílias com panelas vazias, tudo isso leva a torcer a favor de qualquer time escalado para que vença o desafio.
O que Temer tem a seu favor é isso. Ser o remédio de todos os males, mas em seu rótulo o prazo de validade não passa de 60 dias.
Não é unanimidade nem tem credibilidade esmerada, tem mandato apenas para virar uma página e iniciar a escrever outra. Seus pecados estarão congelados por algumas semanas, terá provavelmente esse curto lapso para manobrar os milagres que se esperam, e a ele não é dado errar ou ter uma segunda oportunidade. Assume com a obrigação de acertar antes que sua carruagem se transforme numa abóbora.
O ministério terá que ser afinado e atuante. Os desafios são enormes, como realizar três gols nos primeiros 15 minutos, enfrentando uma torcida determinada a derrotá-lo logo no começo.
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