Cadu Doné

O Cruzeiro evoluiu?

Depois de sofrível performance da sua equipe contra o Tombense, Felipe Conceição disse que o Cruzeiro havia evoluído.

Por Cadu Doné
Publicado em 09 de abril de 2021 | 03:00
 
 
 
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O Cruzeiro evoluiu?

A palavra “evolução” é daquelas que costumam gerar armadilhas interpretativas. Soa positiva. Ao mesmo tempo, depende de um referencial a partir do qual devemos nos basear. Se este for baixo, um quadro de melhora não necessariamente corresponderá a um mínimo de excelência. Depois de sofrível performance da sua equipe contra o Tombense, Felipe Conceição disse que o Cruzeiro havia evoluído. Merecidamente, recebeu críticas; parecia ter visto outro jogo. Nas duas últimas rodadas, porém, a Raposa realmente apresentou certo crescimento com relação à média que vinha prevalecendo na temporada. Isso quer dizer que o escrete azul convenceu nos triunfos frente ao Boa e ao Coimbra? Não. O ganho de rendimento se posicionou em algum nível entre o não desprezível, o razoavelmente representativo, e o não contundente para elogios seguramente animados.

 

Destaque e decepção

Se fizermos uma média dos dois duelos mais recentes, o melhor jogador do Cruzeiro foi Bruno José. Aberto pela direita, o meia-atacante não deixou sua marca em ambas as partidas por detalhes. Noves fora a participação tão intensa quanto favorável no ataque, o meia-ofensivo agradou pela capacidade de recompor. Neste par de cotejos, Airton começara como titular, ocupando a ponta esquerda. O jovem não vem entregando o que dele se espera. Acredito ser cedo para falarmos em decepção, e até seguiria escalando-o entre os onze iniciais. Mas fica o alerta: caso o descrito cenário não mude em breve, nomes como o de Felipe Augusto podem pedir passagem.

 

Devendo

Outro jogador que anda discreto é Marcinho. Suas exibições não chamam atenção com um verniz condizente a um criador. O sistema do Cruzeiro tem sido o 4-1-4-1/4-3-3: nele, o ex-Sampaio Corrêa transita qual um meio-campista na faixa entre o centro e a esquerda – Matheus Barbosa opera à direita de Adriano, o primeiro volante. Talvez por precisar realizar uma espécie de “vai e vem” dinâmico, não podendo se dar ao luxo de permanecer solto para construir, Marcinho venha padecendo pela insipidez.

 

Seis por meia dúzia

Felipe Conceição é competente. Não faz jus à maior parte das contestações que já recebeu na atual passagem pela Raposa. O técnico peca, contudo, por um excesso de conservadorismo na esmagadora maioria das substituições. Mesmo com sua equipe enfrentando adversários modestos, e precisando de gols, raramente muda as características do conjunto nas alterações; você não o vê tirando Matheus Barbosa ou Adriano, por exemplo, para atuar com dois meias mais agressivos à frente de um só marcador. 

 

Quatro atacantes

O decantado esquema com quatro atacantes visto diante do Pouso Alegre nada mais foi do que um 4-2-3-1 com Sasha e Vargas revezando entre as funções de armador e centroavante. O primeiro se revela interessante facilitador. Com as devidas proporções, vê-lo recuado preparando as ações lembra o Liverpool com Firmino de “10” e Diogo Jota à frente. Embora seja normal este modelo sem um arquiteto clássico, não vejo a combinação assinalada como opção recorrente no Galo.

 

Bajular ou ofender

Armando Nogueira: elogiar sem bajular; criticar sem ofender. As opiniões sobre Neymar normalmente pendulam entre estes extremos.

 

Novo Neymar

Neymar vem se firmando como armador; utilizá-lo pela ponta esquerda na seleção não se mostra, atualmente, a melhor alternativa.

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