CONEXÃO RH

Cultive o seu jardim

Saiba como montar a sua equipe

Por Eliane Ramos
Publicado em 20 de fevereiro de 2020 | 03:00
 
 
 
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Como é calçar um sapato menor do que o seu tamanho? E as amizades que não são verdadeiras? E o que me diz do seu trabalho? Tem praticado o exercício da reflexão e do autoconhecimento? Responda, então: a sua profissão está de acordo com as suas habilidades comportamentais?

O que motiva você? Seus olhos brilham com o seu trabalho? Sabe o que nenhum dinheiro pode comprar? Ayrton Senna, por exemplo, e o piloto Ken Miles, magistralmente interpretado por Christian Bale, no já clássico “Ford vs. Ferrari”, sabiam.

Qual o seu perfil e qual a melhor estratégia para se conectar com o outro? Comunicação não é o que você fala, e sim como o outro te entende.

Por meio de “assesment” adotado há mais de 65 anos em empresas mundiais e validado pela Harvard Medical School, a teoria dos estilos comportamentais estuda as formas de nos comunicarmos e gerenciarmos as nossas diferentes habilidades.

Para os que são mais independentes, autoritários e autônomos – vale dizer, aqueles que gostam de mudanças e funções que sejam inovadoras, adoram balançar o barco e conviver com o risco: delegue tarefas que lhes permitam tomar decisões e agir de forma antecipada.

Para as pessoas cooperativas, conciliadoras e participativas, com tendência de serem mais voltadas para equipes, crie uma política de abertura relacionada à cooperação, permitindo-lhes que peçam conselhos e sugestões.

Quanto ao mais introvertido, que se comunica de forma técnica, analítica, e é reservado para se relacionar com pessoas novas, o foco deverá ser no processo. O detentor desse perfil trabalha bem sozinho, consegue se concentrar na tarefa e o raciocínio é bem arranjado. Assim, delegue-lhe tarefas que exijam imaginação e pensamento organizado.

Há o perfil mais extrovertido e persuasivo, que apresenta foco primário no social, sempre rápido para se relacionar com novas pessoas. Então, aproveite as habilidades que ele possui para persuadir e influenciar a opinião dos outros. Disseminar o otimismo e vender ideias!

E se o outro tem o perfil mais tranquilo, é um bom ouvinte e se adapta melhor às rotinas, aproveite bem a capacidade que ele possui para trabalhar com ocupações mais repetitivas e que exijam um fluxo consistente.

E aqueles mais impacientes, com senso de urgência, “multitarefeiros” e rápidos para agirem e tomarem decisões? Esses precisam ser envolvidos em uma variedade de incumbências para evitar que se aborreçam com repetições. Necessitam perceber o desenvolvimento e os resultados dos seus ofícios.

Conhece pessoas supercuidadosas, sempre atentas aos detalhes, minuciosas, perfeccionistas e grandes planejadoras? Essas, por sua vez, se motivam com regras e tarefas estruturadas para cada tipo de trabalho, assim como o que, como e quando fazer. Quem sabe se elas tomarem conhecimento das mudanças com mais antecedência para dominarem o processamento antes da execução?

E os modelos de perfis mais informais, casuais com regras e que adoram quebrar paradigmas? Detestam olhar o micro e precisam de espaço para fazer diferente. Eles criam a estrutura onde não existe. Não caia no erro de ficar cobrando seguimentos e detalhes. Eles necessitam de liberdade para resolver os problemas fora da caixa.

Cada um é um, com mais ou menos graus de alguns pontos acima levantados, uns mais fortes e evidentes, outros mais lá e cá. Mas você conseguiu perceber como pode ser mais habilidoso ao se relacionar com o outro?

No futuro, quando a automação cada vez mais exorcizar os robôs que habitam os humanos, as pessoas e os seus talentos únicos continuarão a ser o dom mais valioso para que as organizações atinjam os seus objetivos e sigam a sua missão.

Porém, a lição atual é antiga: Voltaire conclui o seu conto filosófico, “Cândido” (1759), com a lacônica frase: “Devemos cultivar o nosso jardim”, O que, na minha opinião, traduz os valores do trabalho e a necessidade de cada um exercer o seu talento.

Então, saiba como montar a sua equipe. A base da liderança é o relacionamento saudável, respeitado o limite individual e bem entendido sobre como criar um ambiente onde o profissional consiga satisfazer as suas necessidades motivacionais, sentindo orgulho do que produz.

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