EDITORIAL

Diversificação para o Brasil crescer

País precisa diminuir dependência das rodovias e investir em novos modais de transporte

Por Editorial O TEMPO
Publicado em 13 de maio de 2024 | 07:00
 
 
 

O Brasil tem uma das cinco maiores malhas rodoviárias de todo o planeta, e os eventos climáticos extraordinários evidenciam o desafio de depender tão intensamente de um sistema que peca pela falta de investimento e baixa qualidade de manutenção. 

Um estudo da Fundação Dom Cabral, divulgado pelo jornal “Valor Econômico” mostra que o Brasil é o mais dependente de rodovias entre os grandes países da OCDE. Atualmente, 62,2% do transporte de cargas ocorre por meio de estradas. Os Estados Unidos, que vêm em seguida, têm uma taxa de utilização de 49%. 

Apesar de serem dois países continentais em que houve um projeto histórico de incentivo ao transporte rodoviário, os efeitos econômicos foram diversos. Enquanto, na América do Norte, o custo com logística representou 9,1% do Produto Interno Bruto, no Brasil, esse custou chegou a 16,1%, incluindo transporte, estoque e gastos administrativos. 

Uma parte dessa diferença está na má qualidade das pistas brasileiras. De acordo com a Confederação Nacional dos Transportes (CNT), dois terços das rodovias estaduais e federais estão em condições ruins ou péssimas. Isso traz implicações sobre o custo do transporte.  

Segundo levantamento da Fundação Getulio Vargas, enquanto carregar uma tonelada por mil quilômetros de hidrovias custa algo em torno de R$ 60, a mesma quantidade levada por igual distância em ferrovia custa aproximadamente R$ 160 e pelas rodovias passa de R$ 420. Isso, sem falar em perdas pelo caminho, que variam em torno de 13% no caso dos carregamentos de grãos. 

Somente melhorar a qualidade das pistas exigiria um investimento de R$ 4,88 bilhões, segundo a CNT. Mas é preciso ir além. É preciso investir na integração dos diversos modais que hoje representam de 13% (cabotagem) a 18% (ferroviário) para obter a máxima relação custo x efetividade. 

Se o país quer ter uma economia competitiva, com redução dos custos de produção e transporte, e otimização dos resultados para o produtor, precisa quebrar os velhos hábitos e diversificar os investimentos logísticos. 

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