CAROL RACHE

A energia vai para onde o foco está

'Não seja a pessoa que lamenta. Seja a pessoa que, diante do caos, mira nas possibilidades de crescimento.'

Por Carol Rache
Publicado em 18 de setembro de 2020 | 03:00
 
 
 
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Não seja a pessoa que cultiva olhares repressores sobre as conquistas alheias. Não seja a pessoa que transfere a frustração pela própria falta de liberdade limitando o direito do outro de ser e atuar como prefere. Não seja a pessoa que gasta mais energia procurando sombras nos outros do que olhando para dentro de si. Não seja a pessoa que, de tanto analisar os amigos, perde a oportunidade de desfrutar com leveza da companhia deles. 
 
Seja a pessoa que cura em si os incômodos que tem com os demais. Aquela que busca seus pontos cegos e que, a partir deles, se movimenta para se lapidar. Seja a pessoa rara que sabe fazer um elogio sem adicionar um porém, que consegue se alegrar diante dos feitos alheios, que não precisa diminuir ninguém para se confortar diante das próprias frustrações. 
 
Alegria apreciativa é o nome que se dá ao exercício de apreciar as alegrias que nos cercam, e não somente as nossas. Talvez para a maioria de nós seja algo utópico, poético e distante. 
 
No fundo, é treino. É treinar a mente para um novo padrão de interpretação. É treinar o olhar para um novo foco. Afinal, nossa mente só processa aquilo em que nosso olhar se concentra. 
 
Não sugiro isso para que você se torne um “bom samaritano”. Mas apenas para que se aproprie do poder de escolher a direção do seu foco. 
 
Pare um pouco. Respire. Deixe o jornal um pouco de lado e, por alguns segundos, conte quantos pontos verdes você consegue achar no ambiente em que se encontra. Contou? Agora, então, responda, sem olhar novamente, quantos pontos vermelhos existem no seu entorno. 
 
É, você não sabe. Por quê? Porque estava focado nos verdes. A mente encontra aquilo que está procurando e elimina do radar aquilo que não é do nosso interesse. Ou seja: nós percebemos os fatos, as pessoas e o mundo através do foco que determinamos para o nosso olhar sobre eles. 
 
Quando somos as pessoas cujo “GPS interno” vive procurando a próxima falha de alguém, teremos dificuldade em perceber os passos de melhoria dados por essa pessoa. Se miramos as partes desafiadoras das situações, teremos dificuldade de perceber as oportunidades trazidas por elas. E se, diante do espelho, condicionamos nosso olhar a encontrar as gordurinhas extras, será difícil reparar quando o cabelo estiver exuberante. 
 
A nossa energia vai para onde o foco está. E isso significa que seus estados emocionais estão diretamente linkados às lentes através das quais você percebe a vida. 
 
Toda situação é dual. Bônus nenhum existe sem a contrapartida de um ônus. A questão é: o que você foca? 
 
O relacionamento termina: você foca a gratidão pelas construções feitas pelo tempo que durou ou sofre pelo que deixou de viver? 
 
O emprego deixa de fazer sentido: você foca as inconformidades com a empresa ou parte para outro sendo grato pelo que aprendeu? 
 
O acidente acontece e o carro dá perda total: você pensa nos prejuízos ou agradece por perceber que está com vida? 
 
Parece piegas, mas a gratidão é o maior condutor a uma vida contente. Não garante que estaremos sempre alegres, porque a vida é mesmo cheia de altos e baixos. Mas podemos estar sempre com a sensação de contentamento se direcionamos nosso radar para aquilo de positivo que existe escondido atrás dos maiores desafios e das piores pessoas. 
 
E essa não é uma estratégia fantasiosa para fazer os desafios serem prazerosos ou para transformar pessoas em santas. Desafios são trabalhosos, e pessoas são imperfeitas mesmo. 
 
Mas, partindo da certeza de que muitas vezes não podemos mudar o carro batido, o relacionamento acabado e o emprego expirado, só nos resta a opção de espremer esses limões até que virem uma refrescante limonada. 
 
Não seja a pessoa que lamenta. Lamentar situações não muda o resultado delas e ainda nos induz estados emocionais negativos. Seja a pessoa que, diante do caos, mira nas possibilidades de crescimento. 
 
A energia acompanha o foco. Onde está o seu?

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