Open Mind Brazil

Plano B não é sonho

Estratégia para nos manter seguros enquanto estamos no meio do nevoeiro

Por Lúcio Júnior
Publicado em 28 de julho de 2021 | 03:00
 
 
 
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E se não der certo?

E se eu for demitido?

E se eu sofrer um acidente e não puder mais acessar a habilidade que me sustenta?

E se alguém fundamental na minha vida morrer?

São perguntas antipáticas que nos levam para um lugar desconfortável, o lugar em que não temos o controle da situação.

Nessas horas em que o plano A simplesmente evapora, ter um plano B, pronto para ser acionado, é fundamental.

Muito já se falou sobre a importância de se ter um plano B. Mas hoje quero propor um conceito diferente, o conceito de plano B como um plano de contingência.

Uma vez participei de um rapel no interior de São Paulo. A atividade é aquela em que se desce por cordas de um paredão, montanha, edifício. A vista era linda e as pessoas estavam empolgadas. Apesar do clima descontraído, lembro daquele dia por ter sido uma grande aula sobre como as coisas podem dar errado. Não, não houve nenhum acidente. Terminamos a aventura bem e felizes. Mas antes de começar, a equipe detalhou tudo o que poderia acontecer de ruim e quais as estratégias para lidar com cada situação. Os coordenadores reservaram um tempo para falar sobre o plano B.

Ali caiu uma grande ficha.

Plano B não é sonho, plano B não é hobby. Plano B é uma estratégia para nos manter seguros enquanto estamos no meio do nevoeiro e não temos clareza para raciocinar e tomar as melhores decisões.

Plano B serve para sustentar financeiramente, para manter a nossa sanidade e para evitar maiores destruições. Simples assim.

Percebo que tem plano B que atrapalha mais do que ajuda porque ele não foi pensado para solucionar problemas.

Quantas pessoas acabaram com suas economias porque acreditaram que um plano B era investir em um negócio, mesmo sem conhecer ou gostar da atividade?

Quer um exemplo mais simples?

Quantas pessoas já se viram em uma crise dentro de casa, porque não conseguiram chegar a tempo para um compromisso familiar e não tinham nenhum plano B para contornar a situação?

Plano B não tem nada de engraçado ou de improviso: se der errado, eu vendo o que tenho em casa. Se der errado, eu abro uma franquia.

Cenário perfeito para dar mais errado ainda.

Vender tudo de casa? Você sabe o preço de tudo? Você faria o melhor negócio tendo que vender as coisas sob pressão?

Abrir uma franquia? Você tem perfil para empreender? Você já pesquisou franquias? Você sabe se teria fôlego para isso?

Plano B é prático e palpável.

Plano B é reserva financeira para sustentar você e sua família em determinado período de tempo. É saber exatamente quais gastos você pode cortar. É ter uma rede de contatos para você acionar. É ter rápido o número de um Uber de confiança para buscar o filho na escola, o número do pediatra para medicar a criança ardendo em febre. É ter uma rede de networking forte e ativa.

Plano B é ter suas habilidades mapeadas e saber como você poderia usá-las a seu favor.

Plano B pode virar A e ser um sucesso? Claro! Mas isso é outra história.

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