A pandemia e a crise política impactaram o desempenho da economia, que mal se recuperava de uma recessão, e a jogaram em outra, no ano passado. As crises sanitária e política continuam neste ano, e há muitas incertezas em relação à recuperação do PIB.
Todavia, há sinais promissores no horizonte. Abre-se uma janela de oportunidade para a economia brasileira. Sua expansão tem ocorrido sempre nos ciclos de aumento da demanda por e dos preços de commodities. Assim foi no século passado e no período de 2004 a 2010, deste século. Este é o cenário agora. Com a ampliação da cobertura vacinal e políticas macroeconômicas expansionistas nos principais países, como Estados Unidos e países da Europa e do Leste Asiático, a economia mundial voltou a crescer, importando mais produtos minerais e agropecuários. Os preços de minério de ferro já ultrapassaram o patamar de 2010, e os de commodities agrícolas continuam em ascensão. Fator coadjuvante forte para estimular as exportações brasileiras de commodities é a desvalorização do real diante do dólar.
Os efeitos do aumento das exportações de soja, milho, carnes e produtos minerais já são sentidos no mercado interno, nos diferentes setores de suas cadeias de produção e comercialização. Os resultados positivos nas taxas de crescimento do PIB aparecerão mais claramente nos meses vindouros, deste e do próximo ano.
Ademais, os leilões de concessões de portos, aeroportos, da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) e da privatização da Cedae, do Rio de Janeiro, revelam o interesse de investidores pelo Brasil, embora ainda concentrados na poupança doméstica.
Não se sabe quando essa janela de oportunidade vai se fechar. Seria prudente não desperdiçá-la, como foi no período 2004 a 2010, quando o governo optou por estimular o consumo, em vez de aproveitar as condições favoráveis para fazer as reformas econômicas.
Se não se sabe quando a janela do ciclo de commodities vai se fechar, sabe-se que a janela política será cerrada no final deste ano; 2022 será ocupado pelas campanhas eleitorais. Portanto, a hora é agora. Para tanto, é necessário um pacto de solidariedade para cuidar, neste ano, do futuro do país, deixando para o próximo ano as disputas político-partidárias.
De um lado, é hora para agilizar a vacinação, protegendo a população contra a Covid-19. De outro lado, mantendo o teto de gastos, valer-se da folga fiscal, que será oferecida pelo aumento do PIB, para implementar programa de transferência de renda, limitando seus dispêndios a uma proporção da poupança efetivamente realizada com os cortes de despesas, advindos da aprovação, já neste ano, das reformas do Estado, (PECs Emergencial, Administrativa e Pacto Federativo).
Perdoem-me se for só um sonho de um ingênuo, que ainda sobrevive acreditando que decisões políticas podem ter como objetivo o bem-estar coletivo.