Constrangedor se submeter, porém, necessário é um resumo da minha percepção sobre o assunto. Fair play, traduzido para “jogo limpo” em português, esse é um dos temas. Imagina se todo mundo pudesse usar substâncias que melhoram o desempenho? Essa é uma das magias do esporte. Gente como a gente jogar como pessoas de outro mundo, no mais alto nível. Atletas se perdem muitas vezes em busca de evolução, alto rendimento, e esse desvio de conduta está longe do que imaginamos para um atleta. Muitas vezes invisível a olho nu. Já perceberam que o mundo moderno não vem com atletas extremamente fortes no que se trata de massa muscular, porém os jogadores estão cada vez mais rápidos e explosivos.
O teste em si é constrangedor. O atleta fica completamente nu e tem que urinar uma quantidade estipulada em um frasco numerado, vedado, limpo e assinado pelo atleta após conferência. O mesmo é lacrado após a “peleja”. O processo, desde a escolha do atleta que vai passar pelo teste, é extremamente profissional, cauteloso. Cada país tem suas regras específicas. No Brasil, falando de vôlei, funciona da seguinte maneira. Sem aviso prévio, a comissão antidopagem chega para o jogo e passa uma lista às equipes. Cada atleta deve informar se tomou algum medicamento. Se o medicamento tiver algo contrário à regra, isso deverá ser informado, e comprovada a necessidade pelo médico da equipe. Remédios de uso contínuo, por exemplo.
Fichas preenchidas, a comissão pode escolher um atleta de cada equipe ou haverá um sorteio feito pelos capitães. A segunda opção é o mais comum. Cada um é submetido a “escolher” quem irá fazer o teste do time adversário. Enfia a mão no saquinho e pronto, parabéns ao sortudo. Quando acaba o jogo, imediatamente, o atleta sorteado é comunicado e tem um acompanhante de luxo, da comissão antidoping, até a conclusão do teste. Antigamente era permitido beber cerveja antes do teste, dentro da sala, oferecida pela própria entidade. Diminuía muito o tempo de cada teste. Alguns exames demoram horas porque os atletas muitas vezes demoram a urinar.
Particularmente, sou rápido nos testes, apenas uma vez na carreira tive “problemas”.
Foi no Japão com a seleção brasileira. A comissão chegou de surpresa no treino, e eu fui um dos escolhidos. Eu tinha acabado literalmente de ir ao banheiro. Tentei durante o treino todo e nada. Fim de treino, foram todos para o hotel, depois de muita água e paciência deu certo! Mais ou menos oito horas tentando.
Por fim, e não menos importante, os remédios que usamos no mundo “normal” considerados doping, mesmo parecendo inofensivos. Dois exemplos clássicos, alguns remédios para dor de cabeça e descongestionante nasal. Vida de atleta não é fácil.