Música

Arrigo revisita ‘Clara Crocodilo’ 

Redação O Tempo

Por Jessica Almeida
Publicado em 23 de julho de 2016 | 03:00
 
 
 
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“Clara Crocodilo” (1980), mitológico disco de estreia de Arrigo Barnabé, é uma obra que, segundo ele, já foi motivo de muita ansiedade. “Quando você faz uma coisa muito boa logo no começo, é um negócio que fica meio te perseguindo, você acha que nunca vai conseguir fazer nada melhor. Foi um negócio que eu não esperava fazer, fiz e pra chegar nisso de novo, nesse tipo de síntese e de potência, é uma coisa complicada”, diz.

Essa angústia, segundo Arrigo, já foi superada, mas o trabalho segue o perseguindo. “É um material rico, então estou sempre trabalhando com as músicas dele”, comenta. A primeira revisão do álbum foi feita em 1999, numa versão sinfônica. Em 2014, por ocasião de um show no Chile, ele montou uma banda com músicos jovens com quem saiu em turnê, que acabou registrado e lançado em CD na França. 
 
No próximo dia 30 (sábado), dentro da programação do Inverno das Artes, ele apresenta a versão “Um Suíte a 4 Mãos”, concebida em 2008. “É como se fosse o esqueleto do trabalho. Escrevi uma redução para dois pianos e abrimos espaço para o improviso. Nesse show, eu sou o compositor e performer e o Paulo (Braga, que o acompanha) é o pianista e improvisador”, explica.
 
Contemporâneo
Mesmo após 36 anos de seu lançamento, Arrigo considera “Clara Crocodilo” atual. “As pessoas mais jovens que escutam o consideram contemporâneo. Eu sinto isso também, apesar de as letras tratarem de algumas tecnologias que não existem mais, como discar o telefone e aqueles drive-ins em que se ia de carro ver filmes, ele continua tratando de questões da contemporaneidade”, argumenta.
 
Outra interlocução do clássico com outras produções do artista é a ópera de sua autoria, que foi remontada recentemente em São Paulo, “O Homem dos Crocodilos”. Na história, um compositor não consegue chegar perto de seu piano, tem pavor. Pensa que, se tocá-lo, o instrumento vai decepar suas mãos, baixando violentamente a tampa do teclado.
 
“Eu gostei do nome de um livro, ‘Conversas Com o Homem dos Lobos’, que é sobre um caso famoso do Freud. Pensei na história do compositor e fiz a ópera, trazendo o crocodilo intencionalmente, por conta do disco”, explica.
 
Ele também endossa a campanha Canta a Democracia, que pretende realizar shows em Nova York e no Rio de Janeiro para denunciar o risco da perda de direitos básicos da cidadania e da democracia. “Acho que o que foi feito foi uma conspiração e não concordo com isso, não reconheço esse governo”, afirma o músico. 
 
Arrigo Barnabé “Clara Crocodilo, Um Suíte a 4 Mãos”
Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1.537, centro, 3236-7400). Dia 30 (sábado), às 21h. R$ 60 (plateias 1 e 2, inteira), R$ 50 (plateia superior, inteira)

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