Música

Milton e Criolo na linha de frente

Redação O Tempo

Por Priscila Brito
Publicado em 06 de junho de 2014 | 11:50
 
 
 
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Foi um longo período de admiração mútua à distância entre Milton Nascimento e Criolo. Mineiramente, Bituca esperava uma oportunidade para conhecer o rapper paulista desde que ouviu, em 2011, “Nó na Orelha”, disco que transformou Criolo em uma das sensações da música brasileira e também “um dos melhores álbuns já lançados no Brasil nos últimos tempos”, conforme adjetiva o próprio Milton. De sua parte, Criolo, já na mesma época do disco-revelação, costumava usar em entrevistas o termo “mestre” para se referir ao mineiro, principalmente quando falava da versão contemporânea que fez para “Cálice”, composição cuja gravação original é um dueto de Chico Buarque e Bituca.
 
O encontro formal entre Criolo e Milton só aconteceu no ano passado, com mediação de Ney Matogrosso. Já o musical tardou um pouco mais, e aconteceu em janeiro deste ano, quando Criolo foi um dos convidados do show “Clube do Milton”, no Rio de Janeiro. Agora, a relação fã-ídolo de mão dupla vem a público no show “Linha de Frente”, que tem última apresentação neste sábado (14), no Palácio das Artes. 
 
Será um show em que Milton canta Criolo, Criolo canta Milton, e os dois cantam juntos não só as composições do outro, mas também de artistas admirados com os quais a dupla compartilha certa admiração. Do repertório do rapper, entram “Linha de Frente”, “Bogotá” e “Mariô”; do mineiro, “Morro Velho” e “Travessia”. As escolhas foram todas de Milton. “Criolo foi extremamente gentil e deixou que minha equipe e eu trabalhássemos no set list. Por causa disso, nosso próximo trabalho juntos ele é quem vai escolher tudo, especialmente a banda e o repertório”, diz, sinalizando para a continuidade da parceria. Também entram composições de Caetano Veloso, Dorival Caymmi e Chico Buarque – mas Bituca não afirma nem nega que a escolhida de Chico tenha sido “Cálice”. Apenas aposta que “esse repertório vai surpreender tanto meus fãs quanto os do Criolo”.
 
Universal
 
Fazer um repertório de rap dialogar com a MPB tradicional foi tarefa simples, garante o mineiro. “O Criolo é um cara universal porque não é à toa que em menos de três anos depois de lançar um disco ele já se apresentou em mais de 15 países”, elogia. Houve pouca alteração nos arranjos das canções originais, mas a bagagem dos diversos gêneros da música negra que atravessam a obra de Criolo influenciaram a postura da dupla ao vivo. “Influenciou diretamente em nossa atitude. Hip hop é isso, atitude!”, define Milton.
 
Além de rap e MPB, o repertório também abre espaço para o jazz de Miles Davis, usualmente acompanhado pelo famoso quinteto que tinha saxofone e contrabaixo, além de seu próprio trompete. Na versão abrasileirada, um sexteto com guitarra, contrabaixo e percussão vai adaptar uma composição de um dos principais músicos do século XX. “A música é surpresa (risos). Fizemos três ensaios na minha casa e foi uma maravilha. Na verdade, a gente nem ensaiou, apenas nos divertimos”, diz. A dupla também apresenta o primeiro fruto da parceria, a inédita “Dez Anjos”, com letra de Criolo e música de Milton. A canção vai ganhar seu primeiro registro em disco na voz de Gal Costa, que já prepara o sucessor de “Recanto” (2011). “Nós fomos os últimos a entregar a música pra ela (risos). Mesmo assim a Gal – sempre uma dama de altíssimo nível – nem reclamou, ficou com a música e nos garantiu que ela estará no disco”.
 
 
Milton Nascimento e Criolo
Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1.537, centro, 3236-7400). Neste sábado (14), às 21h. R$ 220 (plateia 1, inteira), R$ 200 (plateia 2, inteira), R$ 180 (plateia superior, inteira) 

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