Crítica

Noite explosiva

Redação O Tempo

Por Bárbara França
Publicado em 24 de abril de 2015 | 13:57
 
 
 
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Paul Stanley sempre espalhou aos quatro ventos que o show da lendária banda de rock Kiss é o maior espetáculo da Terra. Sem modéstia alguma, o guitarrista já chegou a proferir em entrevistas que qualquer outro grupo desaparece ao lado dos gigantes de rostos pintados. Por conta das afirmações aparentemente pretensiosas, muita gente envolvida com a música pesada torcia o nariz para o quarteto, que conta hoje com Tommy Thayer na guitarra e Eric Singer na bateria, além do baixista Gene Simmons, eterno The Demon, a figura mais emblemática do Kiss e não menos vaidosa que Stanley.

Belo Horizonte já havia tido uma amostra da grandiosidade do espetáculo em 1983, quando os norte-americanos pisaram pela primeira vez por aqui. Só que desde então, muitas gerações roqueiras se passaram. Na noite desta quinta (23), após hiato de 32 anos, enfim, o Kiss se apresentou mais uma vez na cidade, mostrando para a garotada mais nova que, sim, inacreditavelmente, era verdade. Quando explosões de fogos de artifício e uma chuva de papel picado banhou a plateia do ginásio Mineirinho, pontualmente às 21h, e se ouviu os primeiros acordes de “Detroit Rock City”, não restava dúvida: Simmons, Stanley e cia. são mesmo os showmen do pedaço.

A sequência com “Creatures of the Night”, “Psycho Circus” e “I Love It Loud” animou uma plateia ávida por clássicos e composta tanto por representantes das antigas quanto adolescentes. Muitos deles, inclusive, haviam caprichado no visual, estampando em seus rostos as maquiagens do Demon, do Starchild, Catman e Spaceman. No entanto, afora os sorrisos de satisfação, a acústica do Mineirinho dava a sensação de “podia estar sendo melhor”. Em algumas partes do ginásio, o malfadado eco - reclamação recorrente em shows que acontecem no local - chegava a incomodar. O amontoado de gente se espremendo, o que não chegava nunca a configurar fila, nos bares também desanimava quem queria abastecer o copo de cerveja, comprar um salgado ou mesmo uma garrafinha d'água.

No palco, ao contrário, a performance era das mais animadas. E pirotécnicas. E ostentosas. Como quando, durante o tradicional solo de baixo, Simmons, fazendo mil caretas e cuspindo sangue, subiu no alto da estrutura, suspenso por dois cabos. Depois foi a vez de Stanley. Era o momento para “Love Gun” e o guitarrista deslizou sobre a plateia pendurado em uma corda, até atingir outra plataforma no meio da pista. Dali ele fez todos reproduzirem seus “uh-uhs” e indagarem como é possível tanta destreza em cima de um salto que deve medir mais de 20 centímetros.

Outro ponto alto, pelo menos para os alvinegros, também foi protagonizado pelo guitarrista. Após fazer pouco caso de uma bandeira “do Brasil” com o brasão do Cruzeiro no meio, Stanley estendeu e se enrolou em uma bandeira do Atlético-MG que havia sido jogada no tablado. Ovações se misturaram a inúmeras vaias. Mas, tanto na plateia quanto nas atualizações do Facebook, o comentário era que, repetindo o mesmo gesto do show de 1983, Stanley era definitivamente “Galo Doido”.

A passagem mais romântica ficou a cargo de “I Was Made for Lovin' You”, com seu refrão grudento, acompanhado em uníssono. O coro não parou quando, em seguida, o hino da banda anunciava o fim da noite. “Rock And Roll All Nite” deu contornos épicos ao encerramento, que contou com mais chuva de papel e mais explosões, fazendo com que muita gente saísse dali querendo rock toda noite, todo dia, toda hora.

Setlist

Rock and Roll (Led Zeppelin)
Detroit Rock City
Creatures of the Night
Psycho Circus
I Love It Loud
War Machine
Do You Love Me
Deuce
Hell or Hallelujah
Calling Dr. Love
Lick It Up
God of Thunder
Hide Your Heart
Love Gun
Black Diamond
Bis
Shout It Out Loud
I Was Made for Lovin' You
Rock and Roll All Nite
 

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