Tempo de Carnaval

Tutti Maravilha na avenida 

Redação O Tempo

Por Priscila Brito
Publicado em 24 de janeiro de 2015 | 04:00
 
 
 
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Primeiro veio o susto, depois o pranto – que durou três dias. “Juro pra você!”, garante o radialista Tutti Maravilha ao descrever a reação que teve quando soube que seria o homenageado da escola de samba Cidade Jardim no Carnaval deste ano com o enredo “Tutti Maravilha Nós Sambamos com Você” (de autoria de Domingos do Cavaco, Fabinho do Terreiro, Mandruvá e Vander Lee).

“É uma homenagem maravilhosa, principalmente porque acontece em vida. E vem tudo na hora certa. Eu comecei a puxar a história das marchinhas, pedindo no meu programa (o “Bazar Maravilha”, transmitido de segunda à sexta, das 14h às 16h, pela rádio Inconfidência FM) para as pessoas mandarem as composições, e no ano seguinte veio o concurso. Junto com isso vieram os blocos, as escolas voltaram a desfilar na Afonso Pena”, resume, ao tentar compreender as razões da homenagem.

Os motivos são muitos, e não se limitam à ligação de Tutti com o Carnaval da cidade – além de fazer parte da história recente de retomada da festa, o radialista ostenta participações como destaque no Partido Alto, um dos blocos caricatos que desfilavam em Belo Horizonte na década de 1980. “Ele foi importantíssimo para os compositores de Belo Horizonte. Foi um guardião, um abre alas pra eles. Além disso, ele tem tudo a ver com música, com Minas”, justifica a vice-presidente da escola, Tiene Margarete Dias. Ela confessa que temia que o radialista não aceitasse a homenagem. “Tem gente que não gosta, né?”.

Pois Tutti não só aceitou a condição de homenageado como também assumiu o papel de ajudante na produção do Carnaval da escola. Segundo Tiene, ele vai todos os dias ao barracão da Cidade Jardim. “Estou tentando ajudar o máximo que posso. Ajudo a colar, tento ajudar a bordar alguma coisa”, conta Tutti.

Quem conduz os trabalhos de confecção de fantasias, carros e alegorias é o artista plástico Léo Piló, cujo trabalho é marcado pelo reaproveitamento de materiais. Com 680 componentes, três carros e 12 alas, o desfile vai resgatar momentos da vida de agitador cultural de Tutti, como o projeto Expresso Melodia, que levava shows para bairros de Belo Horizonte e para o interior de Minas, sua trajetória no rádio e sua amizade com a cantora Elis Regina (1945-1982). A comissão de frente terá coreografia do Grupo de Dança Primeiro Ato, parceiro da Cidade Jardim na realização de oficinas de dança com integrantes da escola. Tiene promete para o desfile uma surpresa preparada por Vander Lee, um dos compositores do samba.

Tutti vai surgir na avenida em um carro peculiar: mais baixo e com escada que dá acesso fácil ao chão. Foi um pedido seu. “Eu não quero ficar lá em cima preso sem poder cumprimentar as pessoas. Vai ter muito ouvinte no dia. Quero sambar no chão também”.

Se depender dele, todos os ouvintes já vão estar com a letra do samba decorada. Ele divulga diariamente nas redes sociais o samba-enredo com o recado claro: “Pra de-co-rar!”. Seu verso preferido é “Sem preconceito e sem jabaculê”. “Fui preso na Ditadura por causa da roupa que eu usava, um tênis de cada cor. E no rádio eu nunca fui pago para tocar música. Já recebi propostas, mas na mesma hora eu falei: ‘sai de perto de mim’. Se eu gostar da música, eu toco”. De sua parte, com o samba já dominado, falta domar ainda a ansiedade. “É muita emoção. No dia, vou tomar uma taça de vinho antes e um calmante”, brinca.

Programação

As escolas de samba de Belo Horizonte desfilam nos dias 16 e 17 de fevereiro na avenida Afonso Pena. A Belotur ainda não divulgou horários e ordem dos desfiles.

 

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