Moda

Black is so beautiful

Conheça a nova remessa de meninas descoladas da web

Por Lorena K. Martins
Publicado em 28 de março de 2015 | 03:00
 
 
 
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Rihanna é uma daquelas garotas em que todo mundo se inspira – ou admira, em se tratando de moda. Na última semana, nossos olhos se voltaram novamente para a diva mor: Ela foi a escolhida para ser a primeira mulher negra a protagonizar uma campanha da Dior, maison que sempre prestigia nas temporadas, sentadinha na fila A. Méritos à parte, a cantora não se esqueceu de dizer algo que realmente muita gente queria ouvir. “É muito importante para mim, para minha cultura, para várias jovens meninas de qualquer raça”, declarou em entrevista à MTV Americana. Na mesma onda de valorização e de levar cada vez mais a beleza negra ao topo do pódio, a carioca Farm buscou inspiração justamente na cultura afro para sua coleção de inverno. A campanha, intitulada “Black Retrô”, foi clicada só com modelos negras, incluindo as mineiríssimas Mari Calazan e Natiele Alves. Sem esquecer que a atriz Lupita Nyong’o, no ano passado, foi eleita a mulher mais bonita do mundo, pela revista norte-americana “People”. No mesmo momento em que a mídia começa a divulgar cada vez mais esses movimentos, muitas garotas (seriam as novas it-girls?) ganham destaque na internet e lançam tendências – que extrapolam a rede, inclusive – para quebrar estereótipos e valorizar suas raízes com projetos bacanérrimos. E o melhor: se orgulham de tudo isso, de tal maneira que se transformam em novas fontes de referências sobre beleza. E por falar em beleza, vale um dos destaques dessa nova safra de it-girls: A jovem de 27 anos Magá Moura, baiana que mora em São Paulo e faz sucesso na web com seu blog homônimo, que partilha tudo sobre “life e style”, como ela mesma intitula, mas sem fugir do usual “look do dia”, de maneira mais autoral, digamos. “Não estou copiando ninguém, tenho a minha própria identidade, e ela é forte e única como o meu estilo. Como cool hunter observo tudo, e como Magá adapto o que me interessa a minha maneira de ser e vestir. Mas musa mor e eterna pra sempre é a Rihanna”, confessa.

Livre, leve e solto Um dos perfis mais representativos é o Meninas Black Power, um coletivo que promove ações a fim de valorizar a cultura negra, inclusive para a eliminação do racismo, e conversa com as mulheres que querem assumir os cabelos crespos. “Nas redes sociais, trabalhamos para que aconteça a circulação do movimento afroafirmativo em especial à mulher negra. Falamos de moda e beleza, olhando do ponto de vista político, do posicionamento, e centralizando todas as informações nessa mulher que muitas vezes não é representada em outros meios”, diz a carioca Élida Aquino, criadora da fanpage no Facebook, e que assume suas madeixas mais do que por uma questão de estilo, e sim por ser lindo assim, naturalmente. “Curto muito penteados, e ultimamente tenho praticado várias amarrações de turbantes. Sobretudo gosto de cuidar dele. Faço tratamentos regulares, sempre tento testar novos produtos e receitas. Meu ideal é conhecê-lo um pouco mais”, confessa.

Reconhecimento De acordo com a consultora e professora do curso de design de moda da Fumec Carla Mendonça, esse movimento impulsionado por essas meninas era previsível com a emergência e visibilidade das diferenças em geral. “Além de ser interessante, acho que representa uma faceta mais bonita da moda, que é a de deixar ser quem você é e te fornecer meios para ser feliz, e não para negar quem e como você é. Acaba sendo até mesmo uma forma de posicionamento político por meio da estética”, explica. Batendo na mesma tecla está a stylist Lídia Thays, que lançou com outros amigos (Suyane, Catarina e Santiago) uma espécie de revista virtual, a Catsu, que traz ensaios lindíssimos com pegada de editorial de moda gringa – um desses cliques foram para na nossa capa e recheio, inclusive. “Nosso trabalho busca retratar a moda brasileira com outros olhos, mostrando que aqui temos uma identidade tão forte quando as referências estrangeiras e, o melhor, trazendo mistura: a essência do povo brasileiro”, explica Lídia. Filha de cabeleireira, Lídia (ou melhor, Lilly B., como é conhecida virtualmente) explora as mil e uma possibilidades de sua cabeleira, hoje exibindo um black power com alguns fios coloridos, com orgulho, um processo demorado para deixar os fios naturais.

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