Era para ser só um esquete que a atriz, dramaturga e advogada argentina Mónica Salvador escreveu para apresentar na despedida de solteira de uma amiga. Mas o texto, sobre os desafios de manter a rotina sexual com um único parceiro, fez tanto sucesso, que foi transformado no monólogo “Como Ter Sexo a Vida Toda com a Mesma Pessoa”, e já está há dez anos em cartaz. A versão brasileira, estrelada por Tania Bondezan, 61, sob a direção de Odilon Wagner, estreou há cinco, e passa por Belo Horizonte neste fim de semana (dias 20 e 21).
Foi um fotógrafo de Buenos Aires, que a atriz conheceu no set da novela “Terra Nostra”, em 1999, que lembrou dela para o papel, quando viu o espetáculo, já de volta à sua terra natal. Ele tentou encontrá-la, mas acabou chegando ao diretor e amigo de Tania. Juntos, eles embarcaram no projeto.
Entre o esquete e o monólogo, Mónica se debruçou sobre estudos de sexólogos, psiquiatras e psicólogos para embasar seu texto. “Ela teve uma ideia muito interessante, criativa, que conseguiu amarrar a fatos científicos e o grande lance é que fez isso de maneira muito engraçada e legal de assistir”, comenta a protagonista brasileira.
Em cena, Dra. Annetta Poché, sexóloga búlgara formada na Sorbonne, apresenta ao público técnicas para manter ativa a vida sexual dos casais. “Ela propõe que conversem, façam exercícios de toque, manda buscarem lugares inusitados. Ela começa muito comportada, de óculos, cabelinho preso. Conforme a coisa vai indo, arranca os óculos, solta o cabelo, arregaça as mangas, vai se entusiasmando”, conta a atriz.
Identificação
Ver a reação das pessoas na plateia é dos aspectos mais recompensadores para ela. “Quando vão em casais, ficam se cutucando. Eu faço perguntas que não são para serem respondidas, mas as pessoas respondem, se sentem muito à vontade. Já fiz essa peça em várias regiões do país e, independente do lugar, da formação, da faixa socioeconômica e mesmo se heterossexuais ou gays, todo mundo reage parecido. Porque todo mundo teve ou vai ter uma relação”, observa.
A relação que se estabelece, no fim das contas, é quase que a de um seminário mesmo. “Apesar de viver num país tão sexualizado, ninguém fala de sexo de verdade. Fala-se de bunda, peito, mulheres seminuas, mas dificilmente os casais estabelecem uma relação de falar um pro outro do que gosta, o que quer. Quando se veem representados, os homens, principalmente, acabam rindo. E quando se ri do tema, metade do problema está resolvida”, analisa.
Para baixinhos
Recentemente, Tania teve duas experiências com o público infantojuvenil. Uma delas foi a novela “Cúmplices de um Resgate”, encerrada no fim do ano passado. “Fiquei bege, meu Instagram chegou a 350 mil seguidores. Eles participam, reconhecem, é um carinho enorme”, diz. A outra é a peça “Branca de Neve e Zangado”. “Fui convidada pela Juliana Baroni, que contracenou comigo na novela, o texto é do marido dela, Eduardo Moreira. É uma versão do clássico conto de fadas, só com um anão, e a Branca de Neve se encanta por ele, provando que às vezes o príncipe é um chato”, afirma. O espetáculo volta ao cartaz em São Paulo este ano, mas sem Tania, que focará no monólogo.
Como Ter Sexo a Vida Toda com a Mesma Pessoa
Com Tania Bondezan. Direção. Odilon Wagner. Teatro Sesiminas (r. Padre Marinho, 60, Santa Efigênia, 3241-7181). Nestes sábado (20), às 21h, e domingo (21), às 19h. R$ 80 (inteira)
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