Os chamados food trucks são febre em Belo Horizonte. Não é raro encontrar em algum lugar ou evento da cidade aqueles veículos adaptados para ter uma cozinha e produzir e vender alimentos, sejam eles brigadeiros, espetinhos ou tacos mexicanos. Mas a onda de comida gourmet de rua na capital mineira vai ganhar novas configurações. Em breve, as tradicionais Towners e Kombis dividirão as ruas com uma espécie de triciclo motorizado que já ganhou a denominação de “food took”, numa referência às carroças-motocicicletas da Índia (os took-tooks).
E as novidades na gastronomia de rua em Belo Horizonte não devem parar por aí. Em São Paulo, a nova onda após o food truck é a food bike, versão em duas rodas e ambientalmente correta dos food trucks. Há quem aposte que essas bicicletas estilizadas e cheias de charme, que não lembram nada aquelas que vendem doces e pães pela cidade, não demorem a chegar por aqui.
O consultor da área de food trucks em Belo Horizonte, Josias Reis, revela já ter sido procurado por um empresário mineiro, interessado em viabilizar uma bike para vender um “produto orgânico”. Reis reconhece que o relevo da capital mineira, cheio de morros, não é favorável e acredita que o veículo tenha que ser adaptado, movido a eletricidade e equipado com marchas. “Precisa ser uma bike cargo”, sugere. Outra sugestão do consultor é que as bicicletas circulem em bairros mais planos como a Savassi e as regiões da Lagoa Seca, no Belvedere, e Pampulha, ou até mesmo em shoppings e aeroportos.
O paulista Paulo Renato Araújo, que prefere ser chamado de “empreendedor sustentável”, desenvolveu uma bicicleta cargo, com motor elétrico, com base num modelo que trouxe de Copenhague, na Dinamarca. Ela pode ter duas ou três rodas e os valores oscilam de R$ 3.500 a R$ 6.500. Ele afirma já ter sido procurado por dois empresários de Belo Horizonte. Por questões profissionais, ele não revela nomes, mas diz que ambos são donos de restaurante. O primeiro fez apenas uma sondagem sobre custos. Já o segundo, que deve trabalhar no ramo dos cupcakes, solicitou o projeto da bike, que já está na fase do esboço.
Formada em comunicação social, a também paulista Ana Paula Ferreira largou a área para abrir a “Pudim a Gosto”. Com duas food bikes, ela participa de eventos em parques, praças ou festas oferecendo pudins de leite condensado em diferentes versões. Mas é bom lembrar que assim como acontece com os trucks, para ter uma bike food circulando pelas ruas da capital paulista é preciso uma autorização da prefeitura.
Food took
Antenado, o publicitário e chef mineiro Luigi Russo é outro que andou sondando a possibilidade das bikes. Ele é simpático à ideia pela mobilidade e baixo impacto ambiental, mas ainda acha que o relevo de Belo Horizonte é um obstáculo a ser considerado.
Por isso, por enquanto, adiou o projeto de trabalhar com food bike para apostar no food took. Até o final do ano, Russo vai colocar 12 food tooks na rua, sob o slogan “Take aWay” (pegue e leve, em tradução livre). O triciclo motorizado tem cerca de 3,5 m (mais ou menos do tamanho de um Corsa).
O primeiro carregará a marca “Los Niños, Paletas Mexicanas”, uma fábrica mineira que produz picolés grandões (de 120 g) feitos de forma artesanal e com 27 sabores, alguns exclusivos, como o de morango recheado de Nutella e o de Ovomaltine trufado. Nessa primeira fase, três carrinhos estarão disponíveis. Além do carro dos picolés, haverá um de cerveja artesanal e drinques, e um terceiro, cujo produto ainda não foi definido.
O primeiro food truck surgiu em 1872, na cidade de Providence, nos Estados Unidos. O dono vendia tortas e sanduíches a trabalhadores de fábricas. A ideia era oferecer uma comida de baixo custo e rápida. Até o começo do ano 2000, esse comércio ainda carregava o estigma de oferecer uma comida de baixa qualidade. Mas isso mudou com a crise econômica de 2008, que levou muitos restaurantes a fechar suas portas. Sem opção, os chefs recorreram à boa e velha modalidade de fazer comida na rua.
Iguaria mineira é novidade “truck”
A saída para as inconformidades de peso e tamanho dos furgões passa pela aprovação de um projeto de lei do ex-vereador (agora deputado estadual pelo PHS), Marcelo Aro, em tramitação na Câmara Municipal. Já foi aprovado pela Comissão de Legislação e Justiça, mas a perspectiva é de que leve, pelo menos, seis meses até que possa ser sancionado (ou vetado) pelo prefeito Marcio Lacerda. O descumprimento das normas pode gerar apreensão da mercadoria, multa de até R$ 1.514,66 e cassação da licença do serviço.
Como se aqui fosse Nova York