Alguém avisa: “amoras grandes e suculentas, porém, esse pé é mais alto. Para colher as boas você precisa de uma escada ou de um coleguinha beeeemmm alto” (sic). O pé de amora em questão fica na rua Bocaiúva, no quarteirão entre as ruas Divinópolis e Dores do Indaiá, no bairro Santa Tereza. Já o recado prestativo poderia até ter sido dito por um morador a algum curioso que espiava a colorida amoreira, mas ele está registrado mesmo é na internet, para que todos os belo-horizontinos possam ter conhecimento da exata localização e das características das árvores frutíferas espalhadas pelas ruas da cidade.
A amoreira suculenta está devidamente registrada no mapa colaborativo “Fruta na Rua”, que circula desde o início deste mês nas redes sociais (visite no link http://tinyurl.com/frutanarua). Até o fechamento desta edição, mais de cem árvores com cerca de 20 frutos diferentes já haviam sido catalogadas no mapa que está sendo construído coletivamente – qualquer um que acessar o link pode incluir quantas árvores frutíferas tiver conhecimento.
Assista o vídeo com Ernani Latella que doa mudas no bairro Achieta:
Enquanto o mapa é alimentado, histórias por trás das árvores vão se revelando. Quem adiciona uma marcação tem a opção de incluir as informações que desejar – o tipo de fruto, o endereço exato ou qualquer outro dado. Quem informou sobre a romãzeira que fica na avenida Olegário Maciel, perto da Praça da Assembleia, destacou: “dá bastante fruta, e costuma ser possível catar no pé”. Quem adicionou a árvore de acerolas na rua Nísio Batista de Oliveira, no bairro Novo São Lucas, lembrou: “Pé de acerola já muito conhecido, principalmente pelas crianças e adolescentes da região”.
Sobre o abacateiro e a goiabeira da rua Sargento Assuero Cabral, no bairro Betânia, um aviso: “em crescimento”. Ambas as árvores foram plantadas pelo Coletivo 1207, grupo com várias ações voluntárias de arte e urbanismo para o bairro Betânia e região. As mudas foram cultivadas pelo grupo no que era antes um terreno abandonado tomado por lixo e entulho. “Nos juntamos, limpamos o local e plantamos ervas, flores e árvores no local. Atualmente, também já colocamos um brinquedo para crianças e temos plano de uma horta comunitária”, explica Renata Leite, uma das integrantes do coletivo.
Mas ninguém vai ficar sem árvore frutífera até que as novas mudas cresçam. “Na rua temos pitanga também, mas já está plantada há mais tempo e já dá frutos”, completa Renata. A pitangueira, que já tem mudas, está também devidamente registrada no mapa.
O esforço coletivo gerado pelo catálogo virtual também tira do anonimato árvores frutíferas localizadas em pontos de destaque da capital, como os abacateiros nos arredores do parque das Mangabeiras, na rua Paschoal Riccio. “São duas árvores na divisa com o parque. Estão na calçada”, diz a etiqueta que acompanha a marcação.
O campus da UFMG, na Pampulha, por sua vez, revelou-se um pomar em particular: tem limoeiro, pitangueira, mangueira e amoreira. A propósito, as amoreiras, junto com as goiabeiras, são as árvores que até o momento aparecem em maior quantidade no mapa, correspondendo ao levantamento da Prefeitura de Belo Horizonte sobre as árvores frutíferas mais comuns na cidade.
Apesar de originalmente voltado para Belo Horizonte, o mapa já conta com registros também da região metropolitana. Contagem e Nova Lima já fincaram raízes com um pé de jambo e um pé de pimenta rosa, no Eldorado e na Vila da Serra, respectivamente.
Mais Pomares urbanos
Os parques de Belo Horizonte devem ganhar áreas exclusivas de pomares por meio de um projeto da Secretaria Municipal Adjunta de Segurança Alimentar e Nutricional. No momento, as áreas candidatas a receber o projeto estão passando por estudos de viabilidade. O Parque Lagoa do Nado, no bairro Itapoã, e o Parque das Águas, no bairro Flávio Marques Lisboa, devem receber o projeto piloto.
Atualmente, Belo Horizonte tem 50 pomares urbanos distribuídos em escolas e hortas comunitárias. Cerca de 600 mudas de laranjeira, figueira, limoeiro, bananeira e tangerineira foram plantadas no ano passado. Os plantios fizeram parte do projeto Pró-Pomar, que distribuía mudas a comunidades e instituições. No momento, o projeto encontra-se sob reavaliação.
Por muito mais fruta no pé