Gastrô

Sobrou vinho? Vamos usar! 

Ainda tem bebida na garrafa? Dicas e receitas para não deixar estragar

Por Lorena K. Martins
Publicado em 29 de julho de 2017 | 03:00
 
 
 
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Embora seja uma experiência prazerosa e que não demanda muito esforço, beber uma garrafa de vinho por completo nem sempre é possível para todos. E, aí, vem a culpa de deixar a sobra dentro da garrafa.

O caminho, nesse caso, costuma ser curto: direto para a geladeira, local que, embora conserve a bebida, também pode fazê-la entrar em contato com o seu pior inimigo: o oxigênio. E, aí, há o risco de as características da bebida serem alteradas, ou mesmo que aconteça uma oxidação, conferindo um sabor de vinagre. Alguns apreciadores da bebida acreditam que, após duas semanas na geladeira, ela começa a “vinagrar”. Mas há quem fixe esse prazo em apenas três dias, mesmo com a rolha e a garrafa na posição vertical.

Na verdade, não existe uma resposta oficial, mas para Pablo Teixeira, um dos proprietários do Cabernet Butiquim, a variação decorre do tipo de vinho. “Os mais fortes e concentrados, com alto teor alcoólico, conservam mais, ao contrário dos leves”, explica. O importante, neste caso, é armazená-lo da forma correta (para que continue “bebível”) ou apelar para outra solução para evitar o desperdício: a panela.

Novos rumos

Fã da bebida, o cozinheiro André Barreto, autor do blog “Cozinhe pra Ela”, sugere um destino mais digno para a sobra do vinho, que não o fundo da taça. “O branco, uso frequentemente no preparo de risotos e na marinada de carnes brancas, como o peixe. Já com o tinto, faço molhos e tempero carnes vermelhas. Além do sabor que agrega ao alimento, o vinho tinto ‘rompe’ as ligações que formam as proteínas da carne, deixando-a mais macia”.

Entretanto, antes utilizá-lo na gastronomia, é preciso verificar se o vinho ainda está apto para o propósito do prato. A chef Ana Gabriela, do Templo Cervejeiro da Backer, explica que existem várias técnicas nas quais a bebida é utilizada, como marinadas, reduções e deglaçagem – acréscimo de uma bebida alcoólica para desgrudar do fundo da panela ou tabuleiro – base para preparação de um molho.

No Cabernet Butiquim, o cupim glaceado com batatas é preparado justamente com esse procedimento. A chef Janaina Barrozo explica que, ao restante do cozimento da carne, mistura-se o vinho juntamente ao molho inglês e ao shoyo, agregando mais sabor.

Para a chef Ana Gabriela, primeiramente é preciso saber qual o propósito da receita antes de escolher a técnica mais adequada. "O desejo é que o vinho seja evidente no paladar ou que apenas agregue sabor ao prato”?, explica. Com isso em mente, Ana sugere procedimentos práticos para aproveitar o restante da garrafa e usufruir ainda mais do sabor do vinho. “Cozinhar o ingrediente totalmente imerso no vinho, ou reduzir a bebida e depois temperá-la, para se tornar um molho”, ensina.

Neste caso, a chef lembra que o vinho nunca se evapora 100% durante o processo de cozimento do alimento. “O limite é entre 90% a 95%. Então, vale lembrar que sempre vai haver um pouco de resíduo alcoólico no alimento”, esclarece.

Prolongue a vida do vinho

Geladeira Com a rolha, o vinho precisa ir para geladeira após aberto, o que limite o contato com o oxigênio.

Mude o vasilhame Transferir o conteúdo do vinho para uma garrafa de vidro menor e com tampa pode torná-lo mais durável. Prove diariamente para testar o sabor.

Vacu Vin O acessório funciona como uma bomba, retirando o oxigênio presente na garrafa depois de aberta, e a oxidação é mais lenta.

Receita 

Costelada (Receita de André Barreto, autor do blog "Cozinhe pra Ela")

Ingredientes

2 kg de costela de boi em pedaços
2 cebolas grandes
1 kg de linguiça calabresa
4 dentes de alho
150ml de vinho tinto seco
1 xícara de chá de água
Cheiro verde, sal grosso e pimenta do reino a gosto
 
Modo de preparo
Descasque e corte as cebolas em rodelas grossas. Descasque e esprema o alho. Pique a calabresa em pedaços de 5 cm e reserve. Em uma vasilha, coloque o vinho, o alho, um pouco de sal e pimenta do reino. Acrescente os pedaços de costela e deixe-os descansar no tempero por pelo menos 40 minutos. Intercale na panela de pressão camadas com pedaços de costela, cebola e linguiça. Adicione a água, o caldo do tempero e tampe a panela. Cozinhe por 45 minutos após iniciada a pressão. Desligue o fogo  e aguarde a pressão da panela sair naturalmente. Abra e coloque o cheiro verde. Transfira para uma travessa e decore com mais um pouco de cheiro verde.

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