ALERTA

Entorno de Lula vê necessidade do petista mudar comunicação com a base eleitoral

A avaliação é que o presidente continua usando a oratória de metalúrgico e sindicalista, sem perceber que esse discurso não tem mais o mesmo impacto na sua base eleitoral atual

Por Lucyenne Landim
Publicado em 05 de maio de 2024 | 18:26
 
 
 
normal

BRASÍLIA. Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), especialmente os que ocupam cargos no Palácio do Planalto, estão em alerta sobre a necessidade do petista mudar a forma de se comunicar com a militância e movimentos sociais. A avaliação é de que Lula mantém a oratória que usava na época de metalúrgico e sindicalista e até sua primeira vitória presidencial, no início dos anos 2000, e ainda não percebeu que esse discurso não é mais recebido da mesma forma pela atual base eleitoral.  

A crítica é direcionada ao PT de forma geral, mas personificada em Lula, o maior nome histórico do partido. O desafio de quem cerca o presidente é fazê-lo entender que a população que o escuta hoje em dia não é massivamente a mesma que ele tinha ao seu lado nos dois primeiros mandatos, entre 2003 e 2010. Isso porque tanto as pessoas, quanto as pautas mudaram, e é preciso de reinventar e reaprender a falar com o novo “chão de fábrica”.  

Além da própria base, o entendimento é compartilhado a grupos que o presidente tenta acessar, mas enfrenta dificuldades. É o caso de evangélicos, que Lula articula espaço desde sua última eleição, mas enfrenta dificuldade. Como resultado, o governo planeja ações que não têm tido o retorno esperado.  

A preocupação tem como motivador a popularidade do petista, que minimizou índices pessimistas no último café da manhã com jornalistas, em 23 de abril. Apesar disso, Lula sabe que saber conversar com a atual base é fundamental para dar futuro à política que defende e já construir um sucessor, caso não dispute a reeleição em 2026.  

Nesse cenário, também é um obstáculo as derrapadas de Lula em discursos. As falas polêmicas do petista, minimizadas no passado político dele, são apontadas e lembradas pela atual geração que o apoia. A maior dificuldade nesse quadro é que o presidente abusa do improviso quando está em eventos oficiais, dispensando, muitas vezes, um roteiro completo feito por sua equipe.  

O entorno do presidente considera, ainda, que a vitória eleitoral de Lula em 2022 não representa que o país está ao seu lado. Apesar de ter saído derrotado, seu principal opositor, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), obteve de 49,1% dos votos e, mesmo sem espaço oficial para isso, fala para metade da população que o mantém de forma ideológica.   

O ato “flopado” pelo Dia do Trabalhador em São Paulo, na última quarta-feira (1º), que reuniu menos de duas mil pessoas frente a uma expectativa de 50 mil, reforçou para a equipe que cuida da comunicação eleitoral do petista que a estratégia de discurso precisa mudar para evitar desgaste.

A situação levou a uma bronca pública de Lula ao ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo. “Não pensem que vai ficar assim. Vocês sabem que ontem eu conversei com ele sobre esse ato e disse: ‘Márcio, esse ato está mal convocado’. Nós não fizemos o esforço necessário para levar a quantidade de gente que era preciso levar”, disse Lula, com o microfone na mão.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!