CHUVAS NO RS

Lula critica fake news sobre chuvas no RS: ‘Tem gente que está apostando na desgraça’

Petista ainda alfinetou Bolsonaro: "Eu lembro que quando teve a enchente na Bahia, o presidente da República estava passeando um jet ski"

Por Manuel Marçal
Publicado em 07 de maio de 2024 | 09:43
 
 
 
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BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou, nesta terça-feira (7), as pessoas que têm espalhado fake news em meio à tragédia no Rio Grande do Sul. Os fortes temporais e alagamentos no Estado resultaram, até agora, na morte de 90 pessoas. Cerca de 1,3 milhão de pessoas foram afetadas na região. 

“Tem gente que não quer ajudar. Tem gente que está apostando na desgraça”, declarou durante o programa “Bom dia, presidente”, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Lula ainda classificou como “canalha” o que chamou de indústria de mentiras. 

“Um país com a bondade que tem o Brasil não merecia essa indústria de fake news, eu diria até canalha, que vive deturpando falas e contando mentiras para a sociedade. Um país não pode ir pra frente desse jeito. É preciso que as pessoas tenham bom senso, que não sejam levianas. A situação do Rio Grande do Sul é muito delicada”, afirmou. 

Durante participação no programa, o petista ainda aproveitou para alfinetar Jair Bolsonaro (PL) ao lembrar que o ex-presidente fez um passeio de jet ski enquanto o Estado da Bahia enfrentava fortes chuvas, em dezembro de 2021.

“Eu lembro que quando teve a enchente na Bahia, em 2022 [2021], eu lembro que o presidente da República estava passeando em um jet ski em Fernando de  Noronha e me preocupou”, declarou. Na verdade, Bolsonaro estava de férias no litoral de Santa Catarina. 

“Eu lembrei desse caso para chamar a atenção do seguinte: ainda tem muita fake news sobre o Rio Grande do Sul. Mentiras desmerecendo as pessoas que estão trabalhando lá - e não apenas das Forças Armadas, da Polícia Militar, da Polícia Civil, da Polícia Federal, da Força Nacional”, completou, ressaltando que muitos voluntários ajudam a conter os danos da tragédia. 

Crédito Extraordinário para o Rio Grande do Sul 

Questionado se a União já tem pronta uma Medida Provisória (MP), a ser enviada ao Congresso Nacional, para criação de crédito extraordinário de socorro ao Rio Grande do Sul, o petista destacou que os prefeitos das cidades atingidas e o governador Eduardo Leite (PSDB) ainda não têm a estimativa dos danos.

Dessa forma, de acordo com o presidente, qualquer cálculo dos prejuízos e da reconstrução somente deve ser feito quando a água começar a baixar. O petista visitou o Estado, acompanhado de ministros, por duas vezes desde o início da tragédia: na quinta-feira (2) e no domingo (5).

 “A dificuldade inicial é que nenhum prefeito, e o governador disse com todas as letras no último domingo, tem noção do estrago que foi feito. Por enquanto, as pessoas imaginam, pensam, mas a gente só vai saber o estado real quando a água baixar e a gente ver o que aconteceu de fato", afirmou o petista.  

Na segunda-feira (6), a Câmara dos Deputados aprovou um projeto que reconhece o estado de calamidade pública no Rio Grande do Sul até 31 de dezembro. A proposta será votada no Senado ainda nesta terça-feira.  

A proposta permite ao governo federal realizar despesas e renúncias fiscais em benefício do Estado sem a obrigação de seguir as regras de limite de gastos. Além disso, ela flexibiliza as normas para contratação de serviços e aquisição de produtos pelo setor público.  

Safras no Rio Grande do Sul 

O Rio Grande do Sul é o maior produtor de arroz do Brasil. E, com mais da metade das cidades do Estado impactadas pelas cheias e destruição, o presidente afirmou que isso deve gerar impacto na colheita. Diante disso, declarou que o país pode ter que importar arroz e feijão para “equilibrar os preços” e, assim, não enfrentar um sobrepreço nos produtos.  

"Agora com a chuva eu acho que nós atrasamos de vez a colheita [do arroz] do Rio Grande do Sul. Se for o caso, para equilibrar a produção, a gente vai ter que importar arroz, a gente vai ter que importar feijão, para que a gente coloque na mesa do povo brasileiro um preço compatível com aquilo que ele ganha”.  

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