BH

Fuad, Gabriel e Aro medem força na Câmara de BH de olho nas eleições

Encerrada a janela para troca de partido, as maiores bancadas na Casa são as do MDB e do Republicanos

Por Leonardo Augusto
Publicado em 25 de abril de 2024 | 19:16
 
 
 
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A menos de quatro meses do início da campanha para as eleições municipais, o prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), o presidente da Câmara, Gabriel Azevedo (MDB), e o secretário de Estado de Casa Civil, Marcelo Aro (PP), medem forças no Parlamento municipal, em uma prévia para o fechamento de alianças com vistas à sucessão na PBH.

A campanha começa oficialmente em 16 de agosto, após o fim do prazo de registro das candidaturas, conforme definição do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Uma das etapas antes disso, porém, chegou ao fim recentemente, a janela partidária, período em que os vereadores podiam mudar de partido sem perder o mandato, visando às eleições. Diante das movimentações dos parlamentares, o número de partidos com representação na Casa passou dos até então 20 para 17 – dos 41 vereadores, 20 mudaram de sigla. 

Na atual configuração, o MDB, de Gabriel, e o Republicanos ficaram com as maiores bancadas, com cinco parlamentares cada. Ambos fazem parte do grupo do presidente da Câmara, que é pré-candidato a prefeito. Vereadores de outras duas legendas, PSB (1) e Novo (3), integram o grupo, somando 14 parlamentares (incluindo o presidente), o mesmo número de antes da janela. Antes eram sete partidos, e agora são quatro – PSDB e PMN não têm mais bancada na Casa. O Podemos está com Aro, e o Patriotas fez fusão com o PTB e virou o PRD, que está com o Fuad. O MDB entrou para o grupo.

Fuad, que disputará a reeleição, tem, ao menos por enquanto, em sua base, considerada fixa, seis partidos: PRD (1), PSD (2), PDT (2), PV (2), União Brasil (3) e Avante (2) – mesmo número de antes da janela, mas o MDB migrou para Gabriel e o PRD veio do grupo do presidente da Casa. O grupo totaliza 12 parlamentares, já que uma vereadora do PL, Marilda Portela, está atualmente na base do prefeito, apesar de o PL ser oposição.

O número de parlamentares sob influência do secretário de Zema é nove – antes, eram oito. São três da Democracia Cristã (DC) – que não tinha representante na Casa –, um do PP, um do PL e quatro do Podemos. Anteriormente, ele contava com o Agir, que não tem mais vereador. Aro deverá apoiar o senador Carlos Viana (Podemos), também pré-candidato à prefeitura.

O grupo da esquerda segue com cinco parlamentares, divididos entre o PT (2), o PSOL (2) e a Rede (1) – este último com a professora Nara, que, apesar de se colocar no grupo da esquerda, tem uma proximidade maior com Gabriel. O grupo, embora não esteja na base de Fuad, costuma votar com a prefeitur.

Cenário

O jogo de forças ainda pode mudar até agosto, uma vez que o PDT, por exemplo, tem a pré-candidatura da deputada Duda Salabert colocada e pode deixar a base. Para Bruno Pedralva, líder do PT, partido que lançou o deputado federal Rogério Correia, o atual arranjo da Casa já aponta os acordos partidários alinhados para a disputa da prefeitura. “As novas bancadas já são uma prévia das alianças e dos projetos políticos que vão disputar BH”, diz.

Com sua bancada dividida entre os grupos de Fuad e Aro, o PL também tem pré-candidato, o deputado estadual Bruno Engler. O mesmo ocorre com o Novo, de Zema, que tem a secretária de Estado de Planejamento, Luísa Barreto, como pré-candidata e hoje é fechado com Gabriel. Zema salientou, porém, que a confirmação do nome de Luísa depende de seu desempenho nas pesquisas eleitorais. 

Foco no trabalho

A Prefeitura de Belo Horizonte informou em nota que mantém relação institucional com a Câmara, independentemente de filiação e preferências eleitorais. “Da parte da PBH, essa relação é pautada pelo diálogo, melhor interesse da cidade e respeito à independência dos poderes”.

Gabriel Azevedo afirma manter uma relação institucional com a prefeitura. “Minha preocupação continua sendo trabalhar pela cidade”, diz. O líder do bloco Todos por BH, Reinaldo Gomes Preto do Sacolão (DC), ligado a Marcelo Aro, vai na mesma linha. “É preciso deixar as diferenças políticas e votar o que interessa para a cidade”. Segundo ele, nunca houve de Aro pedido para que o grupo fizesse oposição a Fuad.

Apesar dos discursos, o prefeito, desde que assumiu, em março de 2022, quando Alexandre Kalil (PSD) deixou o cargo para disputar o governo, enfrenta dificuldades na Câmara. Para tentar minimizar a oposição, aliou-se a Aro em troca de cargos.

Análise

O cenário na Câmara Municipal de Belo Horizonte tem pontos negativos, mas também positivos, por causa do momento pré-eleitoral, avalia o professor do Instituto de Ciências Sociais da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) Moacir de Freitas Júnior.

O ponto negativo é que projetos da prefeitura podem deixar de ser votados por causa dos embates políticos – é comum que o ritmo de trabalho das casas legislativas diminua em anos eleitorais porque os vereadores se voltam para a campanha. O mesmo acontece com os deputados estaduais, que quando não estão em campanha própria, estão trabalhando para eleger prefeitos, que serão seus cabos eleitorais dois anos depois.

“Por outro lado, como estamos em ano eleitoral, este é o momento também de intensificar as discussões sobre política, o que é bom”, salienta o professor.

O professor afirma também que a situação poderia ser um pouco melhor, no que se refere especificamente ao prefeito Fuad Noman (PSD), que tenta a reeleição, caso ele tivesse mais apoio na Casa. 

“Isso refletiria tanto na possibilidade de sua reeleição como na aprovação de projetos para a cidade neste momento”, explica.

No final do ano passado, por exemplo, a Câmara perdeu o prazo para analisar um projeto do prefeito que previa empréstimo do Banco Mundial de R$ 840 milhões para obras de drenagem e prevenção de enchentes na avenida Vilarinho, em Venda Nova, e na ocupação Isidoro, na região Norte. O projeto de lei ficou por 11 meses na Casa e foi votado apenas em primeiro turno.
 

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