BRASÍLIA. A Advocacia-Geral da União iniciou ação judicial contra o influenciador digital e coach Pablo Marçal, nesta quarta-feira (8), buscando o direito de resposta, após notícias falsas divulgadas por ele sobre a atuação das Forças Armadas em meio as enchentes no Rio Grande do Sul, que já deixaram 100 mortes.
A petição, movida pela Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia (PNDD), requer à Justiça que o influenciador publique uma resposta da União em seus perfis no Instagram, TikTok e Facebook, contendo informações sobre as ações dos militares diante da calamidade.
A ação da AGU surge em meio à disseminação de notícias falsas sobre as intervenções dos governos federal, estaduais e municipais nas enchentes do Rio Grande do Sul, uma situação que está sob investigação da Polícia Federal.
Em um vídeo divulgado no domingo (5), Pablo Marçal afirmou que a Secretaria da Fazenda do RS estava bloqueando caminhões de doações, impedindo a distribuição de alimentos. Este conteúdo, amplamente compartilhado, foi difundido também pelo senador Cleitinho, do Republicanos de Minas Gerais.
"Temos a informação de que a Secretaria da Fazenda do Estado está barrando os caminhões de doação. Não estão permitindo a distribuição de comida, marmita", disse Marçal. Ele acrescentou: "Este é um ano político, a mídia não vai reportar corretamente o que está acontecendo". Cleitinho propagou a notícia falsa de Marçal e fez outro vídeo, incluindo xingamentos.
Tanto o governo do Rio Grande do Sul quanto o governo federal refutaram o vídeo de Marçal. Autoridades gaúchas expressaram preocupação com o possível impacto da informação falsa na chegada de doações ao Estado.
Por meio de nota, a assessoria de imprensa de Pablo Marçal disse que não é necessário recorrer a nenhuma ação judicial para obrigar o coach a fazer algo. “Eu mesmo vou, voluntariamente, abençoar o governo federal cedendo espaço em minhas redes, que atualmente têm mais alcance e visibilidade do que muitas emissoras de TV no país".
A ação da AGU enfatiza que as Forças Armadas estão atuando desde o dia 1º de maio no resgate de pessoas, realização de atendimentos médicos, transporte de equipes e materiais, e distribuição de donativos para a região afetada pelas enchentes. A operação envolve um contingente de quase 12 mil militares, além de 94 embarcações, 348 veículos, quatro aeronaves e 17 helicópteros.
Junto a isso, a instituição enviou uma notificação extrajudicial ao X (antigo Twitter), solicitando que a plataforma inclua esclarecimentos em postagens que acusam a União de financiar um show da Madonna no Rio de Janeiro, afirmando que não houve uso de recursos federais para o evento.
Mobilizações no Brasil inteiro estão garantindo itens de sobrevivência básica para doar às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. Em Belo Horizonte, por exemplo, diversas entidades e empresas privadas estão recolhendo esses itens, além de ajudas financeiras, para fazer as doações. Veja a lista de locais que estão recolhendo donativos para as vítimas das enchentes no RS.