Opinião

Política ou guerra II

Não existe democracia sem diálogo


Publicado em 28 de abril de 2021 | 03:00
 
 
 
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Em um momento em que o país passa por uma forte onda de discussões políticas e polarização, é fundamental convergir e criar novas ideias, sempre com foco no melhor para o cidadão – no nosso caso, o mineiro. Para alcançar esse objetivo, sigo acreditando que a política seja o único caminho possível. E é importante ressaltar que ninguém faz política sozinho. Se você, colega leitor, acredita que está alheio a tudo isso, está enganado. Nós, seres humanos, praticamos a política em todos os lugares e estamos sempre costurando alianças. É isso que nos humaniza.

Discutir os diferentes rumos que a nossa sociedade pode seguir e fazer com que o caminho escolhido seja o melhor para todos é o papel da política. É para isso que ela serve. Mas, para que essa via se fortaleça, é preciso agregar. É preciso entender as demandas da sociedade e ser plural. 

E é por meio do diálogo, da conversa, que nasce o entendimento e até mesmo a descoberta de objetivos comuns, formando-se os grupos. Afinal, você já tentou conversar com alguém que pensa muito diferente? Muitas vezes, somente empatia e boas intenções não bastam. Em geral, é preciso se despir completamente dos seus conceitos preestabelecidos, exige prática, paciência, respiro. É disso que precisamos.

E, mais do que isso, é assim que se constrói a democracia, diariamente. Na verdade, melhor dizendo, a democracia se constrói ou se corrói proporcionalmente à capacidade de diálogo dos entes políticos de um país. 

Segundo Sérgio Abranches, cientista político, o principal e mais legítimo instrumento para se fazer a articulação política é a persuasão, a defesa da consistência técnica e da necessidade objetiva da agenda. Segundo ele, por outro lado, essa persuasão sempre levou também a compartilhamento de poder, pois sempre há concessões de parte a parte. Essas concessões não precisam ser espúrias, elas podem ser técnicas, podem ser feitas tendo como base o redesenho das medidas.

O próprio ex-presidente mineiro Juscelino Kubitschek também já dizia: “Sei que a paz é mais difícil que a guerra”. Isso posto, não existe democracia sem diálogo. É através dele que derrubamos muros e construímos pontes.

Assim como nos relacionamentos, acredito também que em nossa sociedade a compatibilidade seja uma conquista, e não um pré-requisito. A cooperação entre as pessoas depende da construção de valores compartilhados, em encontrar consensos (mínimos que sejam!) e, por meio deles, criar visões convergentes que se transformem em soluções possíveis.

O desafio não é convencer todo mundo do “lado de lá” a vir para onde estamos. É deixar nossas bolhas e construir outras mais favoráveis, coletivamente. Mãos à obra?

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