Na série de análises sobre as candidaturas à Prefeitura de Belo Horizonte hoje é dia de falar de Wendel Mesquita (SD), que ontem decidiu manter seu nome na disputa após o fracasso de articulações com outros partidos. Neste espaço, tratamos dos pontos positivos e negativos, estratégias e desafios de cada um dos postulantes ao cargo.
Em relação a Wendel Mesquita, é bom observar que ele tem mostrado evolução nas urnas ao longo dos anos. Ele foi eleito para o cargo de vereador com pouco mais de 8 mil votos em 2012. Quatro anos depois, teve mais de 13 mil votos ao ser reeleito e, dois anos mais tarde, conseguiu 31 mil votos para deputado estadual, sendo 17 mil na capital mineira. Ainda que seja bem menos expressiva do que a votação de outros candidatos nessa disputa, é inegável que ele tem crescido e num momento em que há mais pulverização e um abalo à política tradicional.
Wendel também pode ser beneficiado pelo fato de que seu partido, no centro do espectro democrático, pode, em tese, receber apoios de todos os espaços ideológicos. Não há restrições, afinal o Solidariedade tem uma posição muitas vezes de apoio ao governo federal, é da base do governo estadual e não tem relações gravemente conflituosas com os aliados da Prefeitura de Belo Horizonte. Isso pode ser útil em um segundo momento da campanha e até em um eventual segundo turno.
Há outra característica que ajuda Wendel Mesquita. Embora ainda apareça embolado com a maioria dos candidatos, nas pesquisas de pré-campanha mostrou bom resultado entre os mais jovens, em alguns casos brigando pelo segundo lugar. Assim se deu, por exemplo, no levantamento da Paraná Pesquisas revelado em julho (registrado como MG-03074/2020), quando apareceu brigando pela segunda colocação na faixa etária de 16 a 24 anos. Essa fatia do eleitorado, quando quer se envolver, faz bastante barulho e provoca bastante mobilização.
Mas a tarefa de tornar-se prefeito de Belo Horizonte é árdua para Wendel Mesquita principalmente pela total falta de apoio. Ele não conseguiu nenhuma aliança em um primeiro momento, embora tenha conversado com muita gente. Assim, vai ficar isolado, com pouco tempo de TV, sem nenhuma máquina puxando votos e sem grandes apoios políticos que permitam a infiltração nos diversos setores da sociedade.
Aliás, a própria dificuldade em fechar alianças, mesmo estando em um partido que conversa bem os demais, revela outro problema que os adversários podem utilizar contra ele. Wendel Mesquita não demostrou capacidade de articulação, vendo fracassar dois acordos que dava como certos: com o PL e com o Avante. Para um candidato que pretende comandar o município e articular com a difícil Câmara Municipal de Belo Horizonte, não é um bom começo.
Wendel Mesquita também não tem experiência administrativa, nunca ocupou cargos no Executivo e, por isso, não tem o que demonstrar em relação à capacidade de gestão. Como já dito aqui neste espaço, em todas as pesquisas qualitativas feitas por políticos em 2020 a experiência voltou a aparecer, ao contrário do que aconteceu nas eleições de 2016 e 2018, por exemplo.