Política em Análise

A disputa no interior de Minas

Em Uberaba, Governador Valadares e Juiz de Fora a ausência de pesquisa e a neutralidade de concorrentes deixa a disputa mais intensa

Por Ricardo Corrêa
Publicado em 26 de novembro de 2020 | 10:31
 
 
 
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A disputa eleitoral em três cidades do interior de Minas que vão realizar o segundo turno no próximo domingo é quente e disputada especialmente por dois aspectos em comum. Tanto em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, quanto em Juiz de Fora, na Zona da Mata, ou em Uberaba, no Triângulo mineiro, não há pesquisas independentes divulgadas ou registradas após a abertura das urnas no primeiro turno. Além disso, a neutralidade da maior parte dos concorrentes que ficaram pelo caminho torna mais difícil prever o desempenho dos candidatos nessa reta final de campanha.

No caso de Juiz de Fora, viu-se em 2020 uma das disputas mais voláteis da corrida eleitoral em Minas. A disputa começou com a Delegada Sheila (PSL) liderando com folga e favorita para vencer. Depois que ela recebeu o apoio do MDB do ex-prefeito Bruno Siqueira, caiu pelas tabelas até amargar apenas um quarto lugar na corrida, com apenas 10% dos votos. Ela foi ultrapassada primeiro por Wilson Rezatto (PSB), que chega ao segundo turno após ter liderado brevemente a disputa e ter tropeçado nas palavras em entrevistas, o que o fez inclusive correr o risco de não ir à etapa final da corrida eleitoral. Por poucos décimos ele ficou à frente da Delegada Ione (Republicanos), que arrancou na reta final e tornou-se a figura mais cobiçada na busca por apoios do segundo turno. Ela, porém, optou pela neutralidade, assim como Sheila. Considerando o clima das campanhas e o ânimo entre os candidatos, Margarida chega como favorita após fracassar por duas vezes no segundo turno na cidade.

Em Governador Valadares, André Merlo (PSDB), o prefeito e candidato à reeleição, terminou à frente no primeiro turno e praticamente não fez campanha na segunda etapa da corrida eleitoral. Ele ficou internado por semanas, inclusive na UTI de um hospital em São Paulo. Só retornou a Valadares agora nos últimos dias. Até mesmo sua internação virou tema de debates, por ele ter deixado a cidade para se tratar. O adversário, Dr. Luciano, é um inimigo íntimo. Vice em sua administração, os dois trocam farpas e acusações de traição. Enquanto isso, a maior parte dos candidatos na disputa optou pela neutralidade. Apenas Rosemary Mafra declarou voto em Merlo, mesmo assim de forma bastante crítica. O prefeito é favorito, mas sem pesquisas e com um cenário polarizado, é difícil cravar o vencedor.

No caso de Uberaba, a disputa parece ser a mais apertada e, aparentemente, sem um favorito tão claro. Chama a atenção também que a campanha está polarizada já com vistas a 2022, com o governador Romeu Zema (Novo) atuando diretamente no apoio à candidata Elisa Araújo e o grupo de Alexandre Kalil (PSD) marchando ao lado de Tony Carlos (MDB). A neutralidade dos outros concorrentes mais forte só foi quebrada pelo PT, que fez um aposta no apoio a Tony Carlos. Elisa, porém, terminou em vantagem o primeiro turno e, em tese, tem bem menos caminho a percorrer para chegar ao comando da cidade. 

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