Política em Anális

Auxílio, reabertura do comércio e silêncio turbinam Bolsonaro

Aspectos econômicos ajudam o presidente a melhorar aprovação mesmo diante do caso Queiroz

Por Ricardo Corrêa
Publicado em 14 de agosto de 2020 | 09:51
 
 
 
normal

Os resultados da pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (13), e que apontaram o presidente Jair Bolsonaro com sua melhor avaliação desde o início do governo podem ser explicados por diversos fatores combinados mas, sem qualquer dúvida, dois deles estão diretamente ligados ao bolso da população. Não é só isso, porém.

Antes de mais nada é preciso enfatizar que o crescimento de Bolsonaro se deu em quase todas as faixas e em ritmo maior do que nos levantamentos anteriores. Outros institutos já apontavam uma evolução gradual e o Datafolha mostra uma aceleração dessa recuperação. Isso coincide com um período um pouco mais ponderado do presidente, sem choque entre poderes e, consequentemente, sem manchetes negativas nesse sentido.

Porém, os principais fatores parecem mesmo ser econômicos. O principal, a melhora entre o setor da economia informal. Dos cinco pontos obtidos por Bolsonaro a mais em agosto em relação a julho, três foram nessa faixa da população, que é fortemente impactada pela concessão do auxílio emergencial proposto por Bolsonaro e turbinado pelo Congresso. Como a maior parte da população não sabe avaliar quais os responsáveis pela medida, o mérito caiu todo na conta de Bolsonaro. Como a própria pesquisa aponta que grande parte dos brasileiros que recebem o auxílio utiliza para comprar alimentos, o efeito que isso causa do eleitorado não é desprezível.

Por causa disso, a aprovação do presidente aumentou no Nordeste, região que concentra proporcionalmente parte mais expressiva dos beneficiários do Bolsa Família e do auxílio emergencial.

Além do impacto direto da concessão do benefício, a popularidade do presidente também pode ter sido impactada por uma melhora geral no humor do eleitorado, diante da gradual reabertura das atividades. Com as coisas aos poucos voltando ao normal no cenário econômico, as pessoas tendem avaliar melhor a situação e os políticos. Isso é histórico no Brasil e, por essa razão, economia sempre decidiu os rumos do país em cada processo eleitoral.

A melhora da popularidade mostra que o impacto das saídas de ministros como Sergio Moro, da Justiça, e Luiz Henrique Mandetta, da Saúde, ficou para trás e, com isso, a tendência natural é que a melhora na avaliação perdure pelos próximos meses. Até onde vai depende de outros fatores. É preciso ver o que vai acontecer quando o auxílio emergencial precisar ser suspenso. E, além disso, qual o tamanho do estrago que um eventual agravamento da crise envolvendo os negócios com Fabrício Queiroz pode causar. Se a decisão do STJ que determinou a ida para a cadeia de Queiroz e sua mulher prevalecer, a chance de uma delação passa a ser mais real. E isso, certamente, tem potencial para mudar um pouco o quadro. Fato é, porém, que a maior parte do eleitorado não parece estar preocupada com o esquema das rachadinhas. Ao menos por enquanto.

 

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!