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Veja alguns dados alarmantes sobre a violência contra a população LGBTI

Só em 2015, a cada 27 horas, uma pessoa é morta com motivação homofóbica no Brasil

Karol Borges

O assassinato em massa ocorrido na boate Pulse, nos Estados Unidos, é uma faceta da constante agressão sentida pela população LGBTI no Brasil e no mundo. A homofobia mata a cada dia, mas também abrange mais do que as violências tipificadas pelo código penal. Ela não se reduz à rejeição irracional ou ódio em relação aos homossexuais, é uma manifestação arbitrária que qualifica o outro como contrário, inferior ou anormal.

O homicídio é a violação mais grave que uma pessoa pode sofrer, mas a vida de uma pessoa LGBTI é marcada por um sem número de violações tidas como menores, como discriminações e agressões verbais e físicas dos mais variados tipos.

O último informe oficial sobre a violência contra a população LGBTI no Brasil foi publicado em 2012 pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Paralela à coleta de dados oficiais, ONGs como o Grupo Gay da Bahia e Rede Trans Brasil relatam de forma sistemática e abrangente os casos de homofobia registrados no Brasil. No mundo, reportes anuais mostram a discrepância nas leis e condições em que a população ainda vive em diversos países.

Os gráficos abaixo mostram como a homofobia é presente, mata e destrói vidas no Brasil e no Mundo:

Em 2015, 318 pessoas LGBTI foram mortas no Brasil, dessas, 52% eram gays, 37% travestis, 5% lésbicas, 3% bissexuais, 2% héteros confundidos com gays, 1% amantes de travestis. A cada 27 horas, uma pessoa é morta com motivação homofóbica no Brasil.

Fonte: Grupo Gay da Bahia

PERFIL DAS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA HOMOFÓBICA

O gráfico a seguir traz informações relacionadas à faixa etária das vítimas. A grande maioria concentra‐se na população jovem, com 43% de vítimas até os 30 anos. Em 2015, a vítima de homicídio mais nova tinha 13 anos e a mais velha, 74 anos.

Fonte: Grupo Gay da Bahia

Proporcionalmente, o Mato Grosso do Sul é o estado mais homofóbico com 6,49 casos de assassinatos para cada 1 milhão de habitantes. O Nordeste é a região mais perigosa, com 106 óbitos, Sudeste 99, Norte 50, Centro-Oeste 40 e Sul 21.

Fonte: Grupo Gay da Bahia
Fonte: Grupo Gay da Bahia

O BRASIL É O PAIS QUE MAIS MATA TRANSGÊNEROS NO MUNDO

Os números de mortes registrados são maiores em países com movimentos pró LGBTI fortes ou com uma política pública de monitoramento mais efetiva. De qualquer forma, o Brasil matou, entre 2008 e 2015, 845 transgêneros. O México, que ocupa a segunda colocação no ranking latino-americano, matou 247 trans seguido pela Colômbia 108, Venezuela 104 e Honduras 80. Na América do Norte, nos Estados Unidos foram mortas 141 pessoas, na Europa, a Turquia é a que mais mata, com 43 assassinatos e a Itália 34. Na Ásia a Índia 55, as Filipinas 40 e o Paquistão 35.

Fonte: Transgender Europe (TGEU)

LEGISLAÇÃO LGBTI NO MUNDO

Em 2016, de todos os estados me membros da ONU, 73 deles ainda consideram relações homoafetivas como ilegais. Alguns desses Estados sequer possuem alguma legislação, outros estão sob um regime repressivo (como Egito, Catar e Iraque) em que homossexuais são severamente banidos.

Fonte: ILGA

VIOLÊNCIA CONTRA LGBTI NAS ESCOLAS NO MUNDO

O machismo é percebido também em relação aos estudantes ao redor do mundo. Enquanto estudantes LGBTIs reportam muito mais casos de bullying do que os colegas héteros, a frequência desses relatos é ainda maior entre os estudantes homens gays ou bissexuais e transgêneros em transição do gênero masculino para o feminino.

Uma pesquisa feita na Noruega em 2015 constatou que entre 15 e 48% dos estudantes gays, lésbicas e bissexuais relataram casos de bullying. Na mesma época, apenas 7% dos estudantes heterossexuais relataram intimidação. O bullying dependia de sua orientação sexual, com relatos de 15% das estudantes lésbicas, 24% dos estudantes do sexo masculino bissexuais e 48% dos alunos gays respectivamente.

Fonte: Unesco

Um estudo feito na Nova Zelândia em 2014 mostra que estudantes lésbicas, gays e bissexuais são três vezes mais propensos a ser intimidados do que seus colegas heterossexuais. Os alunos transgêneros são cinco vezes mais propensos a sofrerem bullying do que os estudantes não-transgêneros.

Em uma pesquisa feita na Bélgica em 2013, 56% dos jovens LGBTI inquiridos relataram pelo menos uma experiência da violência ou discriminação na escola. Os homens gays e os transexuais em transição do gênero masculino para o feminino experimentaram os mais altos níveis de violência.

Números significativos.

Uma porcentagem significativa de estudantes LGBTIs experimentaram violência homofóbica e transfóbica na escola. Isso é mostrado de forma consistente pelos dados da África, Ásia, Europa, América Latina e Caribe, América do Norte e Pacífico, com índices que variam de 16% no Nepal e 85% nos Estados Unidos.

Estudantes heterossexuais mas que são percebidos como LGBTIs também são alvos de bullying. Na Tailândia, por exemplo, 24% dos estudantes heterossexuais sofreram violência porque a sua expressão de gênero foi percebida como LGBTI. No Canadá, 33% dos estudantes do sexo masculino que foram vítimas de violência verbal as sofreram por relação a sua orientação sexual real ou percebida, isso incluí aqueles que não se identificam como homossexuais ou bissexuais.

Nos Estados Unidos, 70% dos estudantes LGBTI não se sentem seguros na escola. Na Tailândia, 31% dos estudantes alvo de chacotas por ser ou ser percebido como LGBTI relataram ausência da escola e na Argentina, 45% dos estudantes transexuais abandonou a escola. Como resultado, os alunos que sofrem violência homofóbica relataram menor realização acadêmica na Austrália, China, Dinamarca, El Salvador, Itália e Polônia.

A violência homofóbica e transfóbica também tem efeitos adversos sobre a saúde mental, incluindo aumento do risco de ansiedade, medo, estresse, solidão, perda de confiança, baixa auto-estima, auto-mutilação, depressão e suicídio.

Um estudo feito na Nova Zelândia em 2014 mostra que estudantes lésbicas, gays e bissexuais são três vezes mais propensos a ser intimidados do que seus colegas heterossexuais. Os alunos transgêneros são cinco vezes mais propensos a sofrerem bullying do que os estudantes não-transgêneros.

Em uma pesquisa feita na Bélgica em 2013, 56% dos jovens LGBTI inquiridos relataram pelo menos uma experiência da violência ou discriminação na escola. Os homens gays e os transexuais em transição do gênero masculino para o feminino experimentaram os mais altos níveis de violência.

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