UM GRANDE SALTO 

Há exatos 50 anos, o homem pisava, pela primeira vez, na Lua. Naquela época, poucos tinham condições de possuir uma televisão e quem tinha o privilégio de ter um parente ou vizinho com o aparelho em casa conseguiu acompanhar o feito, em imagens transmitidas ainda em preto e branco. Quem pôde acompanhar o relato da conquista pelo rádio, no entanto, não o fez com menos emoção.

Desde 1972, o ser humano não retorna ao solo lunar, permitindo várias indagações se a conquista, realmente, foi concretizada. Para a Nasa, a agência espacial norte-americana, a Lua já foi conquistada e o próximo passo, agora, é fazer do satélite natural da Terra uma base para levar o ser humano um pouco mais longe, a Marte. O próximo passo agora é levar, daqui a cinco anos, uma nova missão tripulada ao satélite da Terra com a primeira mulher a pisar em solo lunar.

Desafio dos EUA em plena Guerra Fria

Em 1961, o presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, desafiou a nação a pousar astronautas na Lua até o fim daquela década. A Nasa enfrentou esse desafio com o programa Apolo. Foi a primeira vez que seres humanos deixaram a órbita da Terra e visitaram "outro mundo". As missões norte-americanas também tornaram possível explorar, posteriormente, mundos ainda mais distantes.

A busca pela "conquista" da Lua ocorreu no contexto histórico da Guerra Fria e da corrida pela supremacia tecnológica, segundo o cientista do Blue Marble Space Institute of Science, do Centro Ames de pesquisas da Nasa, Ivan Glaucio Paulino Lima.

"Naquela época existia um grande interesse pela supremacia tecnológica e pelo controle do espaço. A chegada do homem à Lua foi um fato que marcou com bastante expressividade esse objetivo das grandes potências da época, e os Estados Unidos conseguiram atingir esse objetivo, na minha opinião, mais por uma razão política, do que por uma razão científica", afirma.

Locais já explorados pelo homem e por sondas

Tripulação da Apolo 11

Card image cap

Michael Collins 
(1930- )

Piloto do módulo de comando da Apolo 11. Entrou para o grupo de astronautas da Nasa com a terceira turma, de 1963, e foi escalado para a missão Gemini 10, em 1966, até então o maior recorde de altitude num voo espacial. Em seguida, foi escalado para a tripulação daquela que seria a Apolo 8, mas um problema cervical o obrigou a passar por uma cirurgia e com isso ele foi substituído, o que acabou colocando-o no voo espacial mais famoso da história.

Card image cap

Edwin E. "Buzz" Aldrin Jr. 
(1930-)

Piloto do módulo lunar.  O engenheiro 
mecânico conduziu 66 missões de combate
 na Guerra da Coreia (1950-1953) pela Força Aérea americana. Entre 1959 e 1963, fez doutorado em astronáutica pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Foi escolhido pela Nasa para a terceira turma de astronautas e participou da missão Gemini 12, em 1966. Seu desempenho excepcional em caminhadas espaciais o colocou na tripulação da Apolo 11.

Neil A. Armstrong 
(1930-2012)

Comandante da missão Apolo 11. Um dos poucos astronautas da Nasa que era civil. Chegou a servir à Marinha entre 1949 e 1952, em um programa de bolsa que o levou à Universidade Purdue, onde cursou engenharia aeronáutica e se formou em 1955. Em 1962, foi incorporado aos astronautas da Nasa, como parte da segunda turma, e realizou uma missão antes da Apolo 11: a Gemini 8, em 1966, responsável pela primeira - e arriscadíssima -acoplagem da história da exploração espacial.

"Esse é um pequeno passo para um homem. 
Um grande salto para a humanidade.";
Neil Armstrong

Por que o mito de que não passa de uma grande mentira continua vivo?

Reunimos algumas das contestações comumente utilizadas e suas respectivas justificativas.

1) PENUMBRA

Como só há uma fonte de luz na Lua (o Sol) e como não há atmosfera para difundi-la, as sombras não deveriam formar as regiões de penumbra mostradas nas fotos.

Resposta: Além do Sol, havia fontes de luz secundárias – a reflexão da luz solar na Lua, nas roupas dos astronautas e no módulo lunar.
2) BANDEIRA

Como é possível que as fotos e os vídeos exibidos mundo afora mostrem a bandeira americana tremulando, se na Lua não há atmosfera nem vento?

Resposta: Além da haste vertical, a bandeira tinha um suporte horizontal, para manter-se aberta. Ao ser fincado no solo, o mastro foi girado, criando o movimento. Além disso, as dobras do pano reforçam essa impressão.
3) ESTRELAS

Muitos apontam como uma prova de que o homem não foi à Lua o fato de que não aparecem estrelas no céu em nenhuma das fotos.

Resposta: Em locais muito claros, como o solo dos desertos ou da Lua, o tempo de exposição do filme deve ser muito reduzido, o que impede que as estrelas sejam “impressas” na película.
4) PEGADAS

As marcas das botas usadas pelos astronautas são mais parecidas com pegadas feitas em solo úmido, mas como, se na Lua não há água?

Resposta: Não é preciso água para deixar pegadas, como qualquer beduíno do deserto pode demonstrar. O que deixa as pegadas ali é a areia extremamente fina e porosa da Lua.

Tecnologias que surgiram a partir do programa Apolo

O pouso na Lua em 1969 foi mais do que um marco da conquista espacial. O Programa Apolo gerou vários spinoffs (nome que a Nasa dá a suas invenções que são usadas no dia a dia na Terra). Conheça algumas:

Card image cap
Ferramentas sem fio

Os astronautas precisavam de uma ferramenta sem cabo para perfurar o solo lunar sem depender de conexão com a base. A broca sem cabo usada na Lua possibilitou o surgimento de instrumentos cirúrgicos sem fio e das furadeiras elétricas. e aspiradores de pó portáteis.

Card image cap
Cobertores de emergência

Também conhecido como cobertor espacial, é usado em resgates para evitar hipotermia. Feito de camadas finas de plástico e de alumínio, foi criado para proteger veículos espaciais e manter a temperatura dos astronautas equilibrada.

Card image cap
Roupas de bombeiro

Um tecido antichamas utilizado na roupa de bombeiros é uma invenção da Nasa, que intensificou o desenvolvimento de um material desse tipo depois que três astronautas morreram em um incêndio quando treinavam para a missão Apolo 1, em 1967.

Card image cap
Máquinas de hemodiálise

Investigações da Nasa para desenvolver meios de purificar água em longas temporadas no espaço levaram ao aperfeiçoamento das máquinas utilizadas para filtrar o sangue de quem está com os rins comprometidos.

A conquista da Lua no cinema

"Viagem À Lua" (1902) 
É o mais famoso dos mais de 500 filmes produzidos por Georges Mélliès. Considerado o primeiro filme de ficção científica, inovou com técnicas de animação e efeitos especiais considerados impossíveis à época.

"Destino à Lua" (1950)
 Antecipou os fatos ao projetar a chegada do homem à Lua oito anos antes da criação da própria Nasa. A ficção surpreendeu o público e foi premiado com o Oscar de Melhores Efeitos Especiais.

"Os Eleitos: Onde o Futuro Começa" (1983) 
Reconta a formação do programa espacial norte-americano e os primeiros astronautas. O longa relata os perigos e frustrações enfrentados pelos exploradores, a relação com as suas famílias e a sociedade.

"Apolo 13: Do Desastre ao Triunfo" (1995) 
"Houston, we have a problem". Essas palavras foram imortalizadas durante os dias de crise da nave da expedição Apolo 13, em 1970. O filme de Ron Howard recriou os momentos de tensão que a tripulação e a equipe viveram.

"Moon" (2009) 
A ficção conta a história do astronauta Sam Bell, residente de uma base lunar na qual trabalha junto a um computador inteligente para tornar o mundo menos dependente do petróleo e por isso fica três anos privado do contato humano.

"O Primeiro Homem" (2018) 
Estrelado por Ryan Gosling, o filme narra a vida do astronauta Neil Armstrong e a sua jornada para se tornar o primeiro homem a andar na Lua, passando pelos desafios técnicos, custos e sacrifícios que cercaram essa missão.

EXPEDIENTE: Diretor Executivo: Heron Guimarães | Editores executivos: Murilo Rocha e Renata Nunes | Coordenação de jornalismo: Flaviane Paixão | Edição Portal O TEMPO: Cândido Henrique e Pedro Rocha Franco| Edição de texto: Carla Chein e Aline Reskalla | Edição de vídeo: Fausto Araújo | Reportagem e produção: Litza Mattos, Gabriel Rodrigues e Jéssica Almeida | Imagens: Fred Magno, Nasa e AFP | Web-Design: Rose Braga | Infografia: Andréa Viana, Denver Oliveira e Hélvio Avelar