São Paulo. De cada dez empresas chinesas expositoras no GoTex Show, que acontece em São Paulo, duas já têm clientes no Brasil. Embora os organizadores não divulguem números nem uma meta de participação no país, a intenção das confecções é fincar os pés no país. “O setor têxtil representa 37% do total exportado da China para o Brasil e queremos aprofundar essa relação”, declarou o diretor do Grupo China Trade Center, Pan Faming.
Mas a indústria brasileira não consegue enxergar as boas intenções. A manifestação contra a feira, na porta do Anhembi, reuniu patrões e empregados em torno da mesma causa. Um texto distribuído na manifestação rechaça a ideia de xenofobia. “Não somos, em hipótese alguma, xenófobos, mas não podemos permitir que empresas chinesas, que abusam da prática de ‘dumping’ trabalhista, entre outros, muitas vezes a custo de vidas humanas, ceifem postos de trabalho de cidadãos brasileiros graças a uma política de importação que os favorece enormemente”.
Já os promotores do evento emitiram nota em que alegam surpresa com as manifestações. Segundo o texto, a mostra não tem uma conotação de destruição de empresas e de empregos. “Nosso objetivo é atuar como fonte global para as confecções brasileiras, que encontrarão produtos diferenciados, design e serviços”. Sobre a falta de expositores brasileiros, o organizador explicou que foram convidados, mas nenhum teve interesse. (PG)
Pode quebrar
Sem futuro? De acordo com o presidente do Sindivestuário, Ronald Masijah, caso não sejam tomadas medidas de proteção, em até dez anos “o setor quebra, desaparece”.