Polêmica

Viúvo de Walewska, do vôlei, omitiu carro de luxo no processo de inventário

Campeã olímpica de vôlei faleceu em setembro do ano passado, e viúvo entrou com processo para partilha dos bens sem, contudo, apresentar a lista real do patrimônio de Walewska; os pais da atleta também são herdeiros

Por Rodrigo Rodrigues
Publicado em 04 de maio de 2024 | 04:00
 
 
 
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Na declaração que Ricardo Alexandre Mendes, viúvo da ex-jogadora de vôlei Walewska, apresentou à Justiça no processo de inventário, ele omitiu ser proprietário de um veículo Porsche Cayman, modelo 2011, avaliado em cerca de R$ 350 mil.  Na manifestação juntada à ação, que tramita na 9ª Vara de Família e Sucessões do Foro Central de São Paulo, Ricardo listou como bens apenas um apartamento comprado em 2005, onde moram os pais da campeã olímpica, e um Volkswagen Virtus, ano 2018, avaliado em R$ 71.488. O carro, a exemplo do imóvel, foi mais um presente que a filha deu à família. 

Além disso, o homem de 49 anos, que se identifica como empresário, menciona R$ 136.974,45 em dívidas junto ao banco Santander, referentes a cheque especial, crédito pessoal e cartões de crédito, conforme extrato atualizado no último 4 de abril. A conta bancária encontra-se zerada, embora Walewska tenha jogado vôlei profissionalmente por 27 anos e, por ser atleta de alto nível, recebia entre R$ 800 mil e R$ 1,2 milhão por temporada.

O Porsche, omitido por Ricardo na lista de bens, foi multado em 19 de fevereiro de 2022, às 13h39, quando trafegava pelo KM 1 da BR-369, no Estado do Paraná. A rodovia tem extensão de 1.218 quilômetros e liga Oliveira, em Minas Gerais, a Cascavel, no oeste paranaense. 

Conforme descrição da Polícia Rodoviária Federal, o automóvel deixou de reduzir a velocidade onde o trânsito estava sendo controlado pelo agente. A infração custou R$ 195,23 e, de acordo com a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), o débito segue em aberto. Ricardo consta como responsável pela multa.

O que houve

Walewska faleceu em 21 de setembro do ano passado, aos 43 anos, após cair do 17º andar do prédio onde residia com o marido, na capital paulista. Desde o fatídico dia, a família da ex-jogadora e os amigos têm questionado o comportamento do marido.

À época, Ricardo, entre outras atitudes, recusou-se a reconhecer o corpo e tão somente deixou uma peça de roupas e os documentos da esposa na portaria do prédio, para que algum portador os levasse ao IML. Wesley, irmão da jogadora, encarregou-se da missão.

No último 26 de abril, o viúvo enviou cobrança extrajudicial aos pais de Walewska, para solicitar a contraprestação do aluguel da casa onde eles vivem, em Belo Horizonte. Ricardo requereu o pagamento de R$ 2.070 mensais dos idosos, valor que ele julga fazer jus como um dos herdeiros do imóvel, embora a Justiça não tenha definido o quinhão de cada um na partilha. 

Quando comprou, à vista, a unidade localizada na região da Pampulha, em 18 de agosto de 2005, a jogadora registrou o bem da seguinte forma: 68,97% pertencentes a ela e 31,03%, dos pais. É esse percentual mensal (R$ 2.070) que o viúvo está cobrando dos pais de Walewska. 

A atitude de Ricardo fez com que o empresário Luiz Gustavo Zacarias Del Maestro, melhor amigo da jogadora, com quem conviveu por 25 anos, quebrasse o silêncio e o fizesse desabafar nessa sexta-feira (3) a O TEMPO Sports.

“Não vou segurar mais. Nesses últimos sete meses fiquei quieto, adoeci, mas o que ele está fazendo com os pais dela eu não vou aceitar”, justificou Luiz Gustavo. 

Outro lado

Ricardo Alexandre Mendes foi procurado, mas não quis se pronunciar. Pediu que a reportagem entrasse em contato com João Manssur, seu advogado no processo de inventário. O representante do viúvo, porém, não retornou até a publicação desta matéria. Se houver resposta, o texto será atualizado.

 

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