Na cadeia, Andrea Neves mandou trocar lâmpadas e reclamou de aula de português
Na cadeia, Andrea Neves mandou trocar lâmpadas e reclamou de aula de português
Andrea Neves, irmã do senador afastado Aécio Neves (PSDB), passou exatos 34 dias encarcerada na cela 4 do Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto, na região Leste de Belo Horizonte. Reclusa, a jornalista, neta do ex-presidente Tancredo Neves, viveu uma experiência jamais imaginada por sua família, amigos, ou mesmo por seus opositores políticos. O Aparte conseguiu obter relatos de presas que conviveram com Andrea em sua passagem pelo Pavilhão X5, onde ficam detentas com curso superior. Os depoimentos de algumas presas foram feitos a seus advogados, que falaram sob condição de anonimato.
Andrea ficou a maior parte do tempo em completo isolamento das demais presas, dentro da cela, fugindo, inclusive, do banho de sol a que tinha direito por duas horas diárias. “Ela passava a maior parte do tempo chorando e amuada. Ficava sozinha na cela”, contou uma detenta. Após O TEMPO denunciar as regalias da irmã de Aécio na prisão, as presas contam que os privilégios diminuíram, mas não terminaram. Entregue aos livros, Andrea, certo dia, reclamou com as carcereiras que as lâmpadas das celas eram ruins e não eram apropriadas para leitura. Feito o pedido, as lâmpadas foram trocadas imediatamente. “Isso gerou uma confusão, porque as outras detentas já haviam feito a mesma reclamação, e nunca foram atendidas. A agente penitenciária, então, respondeu que Andrea era importante”, narrou uma detenta. Com a confusão gerada, a própria Andrea voltou atrás e pediu a retirada das novas lâmpadas para evitar mais descontentamento.
Outro episódio chamou a atenção das companheiras de pavilhão da jornalista, presa no dia 18 de maio pela Polícia Federal, na operação Patmos. Ao assistir a uma aula dentro da penitenciária com as outras detentas, Andrea teria criticado a professora de português por alguma informação. Ela teria corrigido a docente e reclamado do baixo nível da aula. Em função disso, Andrea foi repreendida pelas presas pela baixa qualidade da educação em Minas, durante o mandato do irmão Aécio Neves, que governou o Estado entre 2003 e 2010. “Ela (Andrea) disse que, quando saísse, iria ajudar (as detentas)”, relatou uma presa que presenciou o ocorrido.
Apesar de Andrea passar a maior parte do tempo sozinha, alguns depoimentos dão contam de que a convivência era pacífica. “As meninas que ocupavam celas próximas ajudaram a instalar um varal para Andrea Neves pendurar as roupas lavadas”, lembrou um advogado. A irmã do senador tucano também chegou a distribuir um pacote de pão a presas que cumprem medida de segurança. Essas detentas ficam isoladas das outras por terem cometido crimes de grande repercussão e correrem algum tipo de risco.
Ao deixar a prisão, no último dia 22, Andrea prometeu doar a televisão de plasma que ficava em sua cela, o que ainda não aconteceu. Em pouco mais de um mês, a irmã de Aécio Neves perdeu muito peso e apresentava a raiz dos cabelos bastante branca. Agora, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), Andrea cumpre prisão domiciliar em um condomínio de luxo e faz uso de tornozeleira eletrônica. (Angélica Diniz)
163 é o número de medalhas que serão destruídas pela Câmara Municipal de Belo Horizonte. O Legislativo abriu edital para empresas interessadas em fazer o serviço, sem custo para o erário.
CPI com certificado
A chamada “bancada da bala” de Juiz de Fora, município da Zona da Mata mineira, instalou na Câmara de Vereadores uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar crimes nos bairros da cidade: a CPI das Gangues. O convite de divulgação avisa que quem participar da palestra com o delegado Rodrigo Rolli, no dia 29, será recompensado com um certificado de participação. O documento é incomum em audiências públicas. O gabinete da vereadora Delegada Sheila (PTC), uma das organizadoras da CPI, informou que trata-se de um certificado de hora complementar, necessário em alguns cursos de graduação. Universitários que comparecerem ganharão créditos em atividades complementares. A Câmara não informou os custos dos certificados.
Piada pronta
Sob o coro “Sou quadrilheiro, com muito orgulho, com muito amor”, o plenário da Câmara dos Deputados homenageou o Dia Nacional do Quadrilheiro Junino, que se comemora nesta terça-feira (27) graças a uma lei aprovada pelo Congresso em 2011. A sessão durou pouco mais de uma hora, teve a veiculação de um vídeo dos festejos, convidados vestidos com os tradicionais trajes caipiras, apresentação a caráter e discursos. O ponto mais comentado nas redes sociais foi quando o deputado Izalci Lucas (PSDB-DF) destacou que vários deputados recusaram o convite para participar da solenidade.
Clã dos Neves na ALMG
A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) também abriga uma parente do clã dos Neves. Trata-se de Daniela Pacheco de Medeiros, prima do senador afastado Aécio Neves (PSDB) e irmã de Frederico Pacheco de Medeiros, preso no mês passado por ter transportado repasses da JBS que, segundo o Ministério Público Federal (MPF), seriam propina para Aécio. Daniela é assessora parlamentar do deputado Tiago Ulisses (PV) desde 2011. A ligação entre a família de Ulisses e os Neves não é de agora. A mãe do deputado, a ex-deputada Maria Olívia, atuou como assessora de Risoleta Neves, avó de Aécio, durante a década de 80. Ulisses também é próximo do clã e, no início do governo Aécio em Minas, atuou como advogado voluntário no Servas, quando a presidente da entidade era Andrea Neves.
Mendherson e Aécio
Investigado pelo Ministério Público Federal por suspeita de receber parte dos R$ 2 milhões da JBS, destinados ao senador afastado Aécio Neves (PSDB), Mendherson Souza Lima tem, há anos, uma relação estreita com o tucano mineiro. Além de ter feito parte dos governos de Aécio em Minas (2003-2010), atuando na Secretaria de Estado de Governo (Segov) e na Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas (Epamig), o ex-assessor de Zeze Perrella (PMDB) trabalhou também em campanhas tucanas ao governo. Em 2006, quando Aécio Neves era candidato à reeleição a governador de Minas, Mendherson era um dos responsáveis financeiros da campanha. Era ele quem efetuava pessoalmente os pagamentos dos funcionários que trabalhavam nos comitês. Hoje, Mendherson cumpre prisão preventiva domiciliar.