MEIO AMBIENTE
Um Buraco sem fundo
Projeto de recuperação ambiental de área minerada, atrás da serra do Curral, encontra-se arquivado atualmente
Comemorado no útlimo dia 5, o Dia Mundial do Meio Ambiente foi um momento de destaque para a preservação da natureza. Em Belo Horizonte, entretanto, a situação do cartão-postal da cidade, a serra do Curral, permanece alvo de discussão entre ambientalistas, empresas e moradores.
Pelas redes sociais, circula a imagem da mina de Águas Claras, em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, que mostra uma grande cava cheia de água - proveniente do lençol subterrâneo e contaminada pela acidez da área minerada por cerca de 30 anos. Do outro lado do buraco, na capital, está o que restou da serra do Curral, que é patrimônio tombado em âmbito federal.
"A exploração do minério de ferro no local teve início entre as décadas de 1960 e 1970", diz o engenheiro civil e professor de gestão ambiental José Cláudio Junqueira. Segundo ele, a MBR, em Nova Lima, e a estatal Ferro Belo Horizonte S/A (Ferrobel) atuaram na mineração. "Uma tirava minério de lá (Nova Lima) e, outra, de cá (Belo Horizonte), e percebeu-se que a serra iria acabar. A Prefeitura de Belo Horizonte acabou desistindo de minerar", conta, sobre a iniciativa nos anos de 1970 que deu origem ao parque das Mangabeiras. Porém, a atividade da MBR continuou e, assim, produziu-se a cava.
A área da mina de Águas Claras desativada abrange cerca de 2.200 hectares, segundo a superintendente-executivo da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda), Maria Dalce Ricas. Ela afirma que a Vale - mineradora que comprou a MBR - tem um projeto ainda não implantado para recuperar a região. "O projeto prevê ocupar 9% da área com um baita centro de convenções e sistema de hotelaria, e o restante seria destinado à preservação ambiental", diz.
Engavetado
Contudo, a assessoria de comunicação da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad) explica que o processo de licenciamento para a reabilitação da área está arquivado a pedido da própria Vale. A assessoria da Semad informou que a mineradora pediu o arquivamento para modificar o processo e que entraria com novo pedido de licença em breve.
Por meio da assessoria de comunicação, a Vale afirmou que "está trabalhando nas ações de recuperação ambiental da mina de Águas Claras, em Nova Lima, conforme previsto no plano de fechamento protocolado no órgão ambiental. O uso futuro da área está em análise pela empresa".
Moradores
A Associação dos Moradores do Bairro Mangabeiras quer a revitalização da área, e não um complexo urbano. "Lamentamos essa busca do lucro", diz o presidente da entidade, Marcelo Marinho Franco.
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