De pouco conhecido, a um dos melhores goleiros do Brasil. Em quase três anos de América, João Ricardo vem chamando a atenção com atuações seguras, defesas milagrosas e conquistas memoráveis, como o título do Mineiro de 2016. Nos últimos dois anos, desbancou Victor e Fábio como o melhor goleiro de Minas e entrou para a seleta lista de um dos melhores arqueiros do país. E ele quer muito mais.
Confira a entrevista na íntegra:
Que avaliação você faz sobre esses quase três anos de América?
Está sendo uma passagem muito boa. Nesses quase três anos, a gente conquistou um acesso e um título mineiro. E tive conquistas individuais, ganhando duas vezes o Troféu Guará como o melhor de Minas Gerais. Então, é uma passagem boa, de muito trabalho e de muito sucesso também. Fico feliz. Tenho que continuar esse nível de atuação, esse mesmo desempenho para ajudar cada vez mais o América.
Desde que chegou, quais as impressões que você tem do clube e da torcida?
Se você perguntar pra qualquer jogador, é um clube que todo mundo quer vir porque a cidade te abraça, o torcedor e os funcionários te acolhem bem. É um clube que você vê sempre muita alegria entre os jogadores, briga em todas as competições para estar entre os melhores, por títulos. Isso engrandece ainda mais o clube.
Dá pra apontar qual foi o momento mais difícil que passou no Coelho?
Acho que o momento mais difícil foi no ano passado: pela situação do time, que não vinha fazendo bons jogos, e pela queda para a Série B.
Qual você destacaria como o momento mais feliz?
O título do Mineiro, que o América não vencia há mais de 15 anos, e eu tive o privilégio de fazer parte desta conquista. Fico feliz por ter conquistado e por ter dado esse presente para o torcedor, para a diretoria do América e pra todo mundo que sonhava muito com essa conquista.
FOTOS: Uarlen Valerio |
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João Ricardo chegou ao América em junho de 2014 e foi logo conquistando a torcida |
Como você encara o fato de ser apontado como um dos melhores goleiros de Minas e do Brasil?
A primeira coisa é agradecer a Deus, porque a concorrência de goleiros no estado de Minas Gerais é muito grande. E pelo segundo ano consecutivo, eu consegui me destacar. É muita dedicação, muito trabalho. Temos que parabenizar o nosso treinador de goleiros, o Sílvio, que nos auxilia muito e vem fazendo um belo trabalho. Só nós goleiros sabemos o quanto a gente trabalha, o quanto eles nos cobram. E a gente sabe que uma grande equipe sempre depende muito do goleiro. Isso nos valoriza, nos fazer dedicar e trabalhar cada vez mais pra no fim do ano colher os frutos. Já é o segundo ano consecutivo que venho colhendo com o troféu Guará.
Com 28 anos, a gente pode dizer que esse é o melhor momento da sua carreira?
Com certeza. Já tive vários bons momentos, mas acho que o auge da minha carreira, até agora, foi aqui no América. De 2014 pra cá, eu pude fazer bons jogos, foi o momento que mais apareci no cenário nacional. Então, tenho que agradecer ao América e a todos os envolvidos pela oportunidade. Acho que se não estivesse no América, não ficaria tão exposto e não teria a mesma vitrine que estou tendo aqui. É continuar com os pezinhos no chão, não deixar subir pra cabeça e continuar ajudando o América da melhor forma possível.
O América dá muita oportunidade para os garotos da base. Qual a importância disso? Procura passar para esses jovens um pouco da sua experiência?
Acho que não só o América. Todos os clubes do Brasil, principalmente nos Estaduais, gostam de revelar jogadores, porque as revelações trazem dinheiro ao clube. E aqui no América não é diferente. Os moleques se destacam na base, sobem e o clube quer colocá-los pra jogar e vendê-los. E a gente procura dar orientação, passar tranquilidade. Eu também sempre procuro passar confiança, auxiliando-os da melhor maneira possível para que eles se sintam bem para jogar. Algumas vezes, procuro assumir bastante a responsabilidade para tirar um pouco de cima deles.
Você é um gaúcho vivendo em Minas Gerais. Gosta da cidade? E o que costuma fazer quando não está jogando?
Eu me adaptei muito bem em BH. Eu não canso de falar que foi uma cidade e um time que me acolheram muito bem, e eu sou muito grato a isso. Eu sou um cara que gosta muito de pescar. Mas aqui (em BH), eu estou um pouco devagar (risos). Apesar de não conhecer muito as redondezas, eu gosto de passear na Orla da Pampulha, shopping, cinema, faço meu churrasco eu e minha esposa. Meu lazeres são esses. Não conheço muita coisa e não sei muito o que fazer.
Com a visibilidade que você tem no América, chegam muitas propostas? Pensa em sair?
Já deixei muito claro para o meu empresário: pra ele me falar sobre propostas, só se for uma coisa certa. Se for só sondagem, eu prefiro nem ficar sabendo. Ano passado, eu estava na Série A do Brasileiro e toda hora saia sondagem: o São Paulo tem interesse, o Palmeiras também, outros clubes. Se focar nisso, no meio da competição, querendo ou não, você perdendo um pouco do foco. Você cria uma ansiedade e, com essa ansiedade, o seu rendimento cai dentro de campo. Então, eu procuro não ficar sabendo muito sobre essas coisas. Deixo para o meu agente, para a diretoria do América. Eu gosto muito do América, acredito que o clube não quer me vender. Mas lógico que se aparecer uma situação, a gente entrar em negociação e for bom para os dois lados, pode ser que acabe acontecendo alguma negociação.
FOTO: Uarlen Valerio |
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Sonho de João Ricardo é chegar à seleção brasileira e atuar por um grande clube no exterior |
Que ídolos tem no futebol e em quem você se espelha?
Eu não vi muito o Taffarel jogar, mas pelo pouco que eu vi, eu me espelho muito nele. E até no próprio Rogério Ceni pelas atitudes dele dentro e fora de campo.
Quais são os seus objetivos para o ano de 2017?
Acho que o primeiro objetivo não é nem pessoal, é pelo clube. Não vou nem falar muito em Mineiro. O principal objetivo é colocar o time de volta na elite do futebol brasileiro. Depois, a gente pensa no individual.
Quais são os sonhos que você ainda tem no futebol?
Eu pretendo sempre fazer o meu melhor dentro de campo, independentemente do que aconteça ou não. Eu procuro sempre me destacar, fazer o máximo para estar entre os melhores. Sonhos, todo mundo tem: seleção brasileira, jogar no exterior em uma equipe muito grande. Só que a gente tem que ter os pés no chão, subir um degrau por vez. E eu estou começando um degrau que é no América. Então, tenho que manter o meu foco aqui, me dedicar aqui para, quem sabe, no futuro, colher os frutos.