Clássico

Rivalidade toma conta da web

Monitoramento da UFMG mostra interação entre atleticanos e cruzeirenses nas redes sociais

Por Thiago Nogueira
Publicado em 12 de outubro de 2013 | 23:30
 
 
 
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Eles se detestam, mas se comunicam o tempo inteiro. E as redes sociais estão aí para provar: o atleticano não vive sem o cruzeirense, e vice e versa. Em tempos de tendência a estádios vazios, o espaço interativo anda na contramão e surge como um forte instrumento de rivalidade.

O Observatório do Brasileirão é um sistema de monitoramento do Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Toda menção relacionada aos times de Minas e dos demais clubes da Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro no Twitter e no Facebook é capturada e decifrada.

Só neste ano, 134.840 torcedores foram analisados e, a partir do padrão de retuítes, 8.442 foram identificados como cruzeirenses e 9.153 como atleticanos. O mais interessante é o laço de relacionamento entre os arquirrivais.

“Em vez de se manterem em grupos separados, eles interagem entre si, não só por meio de mensagens trocadas, mas também por compartilhamento de mensagens um dos outros”, destaca o pesquisador da UFMG, Pedro Calais.

Ao verificar as menções dos times na temporada, nota-se que os picos de tuítes do Atlético aconteceram na decisão da Libertadores e no dia seguinte. Foram quase 171 mil citações. Curiosamente, o terceiro dia de mais tuítes do Cruzeiro aconteceu no dia seguinte à conquista do Galo (veja o gráfico abaixo).

Princípios. Uma mensagem clássica é aquela que desenterra uma antiga previsão dos rivais que deu errado para postá-la no presente. Embora, muitas vezes, palavrões, xingamentos e mensagem homofóbicas tomem conta da linha do tempo dos rivais, o bom humor costuma ter mais aceitação.

E são nessas horas que as hashtags fazem sucesso. Depois da conquista da Libertadores, os atleticanos popularizaram a hastag #noUltimoTituloDoCruzeiro em alusão à conquista do Brasileirão de 2003. Com a liderança folgada no atual Brasileiro, a vez agora é vez da torcida azul difundir termos como #MaisLíderDoQueNunca e #FechadoComOCruzeiro.

“As interações, que a princípio indicam concordância, na verdade, carregam um alto teor de ironia e sarcasmo”, pondera Calais.

Emoções. Para identificar sentimentos, o Observatório do Brasileirão usa teorias de psicologia social, que diz que a felicidade é expressada com mais probabilidade do que a tristeza. As pessoas querem ser percebidas de forma positiva dentro de todas as redes sociais.

Quando um time marca um gol, a torcida reage com uma intensidade entre duas ou três vezes maior do que quando seu time acaba sofrendo um gol do adversário. 

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