Não bastando as ressalvas da auditoria contratada pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) sobre os gastos na gestão de Walter Pitombo Laranjeiras, o Toroca, outros episódios mostram que a parte financeira da entidade apresenta descontroles e desacertos há alguns anos.
Informações do blog do jornalista Bruno Voloch, no Estadão, mostram que em 2016, a CBV vendeu vários dos produtos fornecidos pela Olympikus, empresa contratada para ser a fornecedora esportivo das seleções brasileiras adulta e de base. O que sobrou no estoque da entidade, foi comercializado, sem nota, durante Campeonato de Masters em Saquarema (RJ). Assim que soube do ocorrido, o presidente da Federação Gaúcha de Vôlei, Carlos Cimino, enviou pedido para a CBV solicitando prestação de contas das vendas, que não apareciam no balanço.
Os dados acabaram não sendo enviados, despertando mais dúvidas sobre a gestão e transparência da entidade que rege o vôlei. A reportagem de O Tempo fez contato com um dos atletas que participou do torneio, tendo a confirmação do ocorrido. Segundo ele, diversos produtos eram comercializados na loja instalada dentro do Centro de Treinamento da seleção na cidade do litoral fluminense. De acordo com o contrato entre CBV e a Olympikus, qualquer venda era proibida de acontecer, uma vez que o material deveria ser destinado, exclusivamente, para o uso dos atletas e seleções.
Os preços eram muito baixos, na casa de 1/3 do valor original, despertando grande interesse e muitas filas. A CBV, inclusive, teria contratado a empresa Pagcenter para gerir as vendas de cartões de crédito. Segundo Voloch, uma funcionária de Walter Pitombo Laranjeiras, o Toroca, presidente da CBV, de nome Sueli, ficou responsável por administrar toda a quantia recebida na ocasião.
A farra com o dinheiro da entidade seguiu no ano seguinte. Nesta quarta-feira, aconteceu Assembleia Geral Extraordinária (AGE), quando o balanço da CBV de 2017 foi aprovado, mesmo com a auditoria apresentando ressalvadas. Estranhamente, o Conselho Fiscal da entidade sugeriu a aprovação com louvor das contas, que denunciam dívidas de R$ 16 milhões além de uma verba disponível com o mesmo valor dos gastos previstos (R$ 75 milhões).
Confira abaixo nota enviada pela Olympikus
O contrato com a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei), vigente por 19 anos até o fim de 2016, previa o fornecimento de materiais esportivos para uso exclusivo de atletas e integrantes de comissões técnicas e departamentos da entidade. Todas as entregas eram feitas de acordo com a relação de itens e quantidades prevista em contrato e aprovada pelas partes. Sempre coube à CBV a guarda e utilização destes materiais a partir de seu recebimento. Esperamos que o assunto seja esclarecido, pelo bem do esporte.