Rombo mineiro
A estimativa de rombo estadual de R$ 5,6 bilhões em 2019, apresentada na proposta orçamentária que acaba de virar lei, está baseada na previsão de aumento de 6,25% da arrecadação – que só será viável com um crescimento razoável da economia. O déficit foi projetado para cenário de expansão. O governo está contando com ovos ainda dentro da galinha. Se a ave não botar como esperado, ou seja, se não houver uma aceleração no ritmo de produção e consumo, o rombo será bem maior. O valor de R$ 5,6 bi é a meta otimista. Como a realidade nunca acompanha as ficções orçamentárias, provavelmente essa meta não passará de mais um chute para o alto do governo. Os eleitores se preparem, pois o ajuste fiscal no próximo ano se mostra irreversível. E mais duro do que os candidatos ousam admitir.
Turma dos baixinhos
Impressiona, nas novas pesquisas divulgadas ontem, a fraqueza dos candidatos; tirando Lula e Bolsonaro, estão todos desmilinguidos. No levantamento MDA/CNT (BR-09086/2018), Marina, Ciro e Alckmin não chegam a 2% de voto espontâneo e firme. A 47 dias do pleito, eles se acham tão baixos como jamais estiveram. No Ipsos, que não avalia intenções de voto e sim a credibilidade de cada um, a fragilização fica ainda mais evidente, com os candidatos exibindo uma desaprovação muito superior à aprovação: o saldo negativo no caso de Marina é de 30%, o de Ciro é de 47% e o de Alckmin chega a 53%. O único na turma dos baixinhos a se salvar é Álvaro Dias, com um déficit na avaliação pessoal de apenas 3%.
Caso único
Lula foi o único a crescer na MDA/CNT fora da margem de erro: ganhou cinco pontos desde a pesquisa anterior em maio. Também é o único a evoluir positivamente no Ipsos: sua aprovação chegou à máxima de 47%, após subir dois pontos. A desaprovação desceu à mínima de 51% após recuar dois pontos. No frigir dos ovos, o saldo negativo do petista diminuiu quatro pontos, mantendo a tendência de queda desde 2017. Se seguir se recuperando no mesmo ritmo, Lula atingirá o equilíbrio entre aprovação/desaprovação em setembro, para fazer a virada de imagem em outubro. Antes do segundo turno, ele poderá se tornar o único entre os presidenciáveis e personalidades testadas pelo Ipsos com capital positivo, mais aprovado que rejeitado na população.
Topo do topo
Estudo do economista Carlos Góes com dados da Receita Federal aponta as carreiras do Ministério Público, judiciário/tribunais de contas e diplomatas como as mais bem remuneradas no país, com média de R$ 51 mil. Eles só perdem no ranking para uma categoria que pode ser considerada hors-concours tal a sua média: a dos titulares de cartório, com R$ 100 mil.
Próximo na fila
A imprensa na África do Sul falava ontem em “queda livre” do rand, a moeda nacional, e já especulava sobre uma alta dos juros para evitar mais desvalorização. O país africano está perto de cair na crise cambial que já engoliu a Argentina e a Turquia – sem contar a Venezuela, a primeira a cair lá atrás e a essa altura com a moeda totalmente derretida.
Andréa Junqueira, Fátima Braga e Sandra Braga
Visão periférica
Minas Gerais lidera a produção de laminados e semiacabados (29% do total nacional) e divide com o Rio o primeiro lugar em aço bruto (30%). No entanto, o maior evento nacional da siderurgia, reunindo empresários e especialistas do setor, está sendo realizado hoje e amanhã na capital paulista, numa iniciativa do Instituto Aço Brasil, entidade com sede na capital fluminense. Minas é o centro da produção, mas fica na periferia da decisão. Esse papel secundário em setor tão relevante para sua economia é resultado da visão periférica do próprio Estado, que se limita a fornecedor de matéria-prima.
Mineiros X Alemães
O caso do café é ainda mais emblemático. Minas produz 53% dos grãos no Brasil, o maior produtor mundial, mas a capital do café nunca foi BH: a nacional é São Paulo e a internacional Hamburgo, na Alemanha. Os alemães controlam 70% do comércio global e dominam tecnologias no setor sem plantar um pé de café; exploram os segmentos mais rentáveis e valorizados do negócio enquanto os mineiros se conformam às atividades mais básicas na cadeia.