Tragédia do Brasil
Entre as eleições de 2014 e 2018, uma das alterações mais significativas no Brasil ocorreu na taxa de desemprego, que quase dobrou nesses quatro anos, saltando de 6,8% para 12,4%, atingindo mais de 13 milhões de pessoas. Nenhum indicador nacional tem sido tão negativo, nenhuma área registrou pior desempenho. Mas não chega a ser reconhecido como a maior tragédia brasileira atual, nem a receber o status de prioridade nacional, talvez por atingir a sociedade de modo desigual. Pouco sentido pelos brancos maduros (5%), o desemprego assola mais negros e pardos (15%) e, especialmente, os jovens (26,6%). É uma tragédia seletiva.
Pior do que parece
Na tragédia do desemprego, até os dados positivos trazem más notícias. A ligeira queda da taxa no fechamento do primeiro semestre (ela estava em 13,7% até março) foi acompanhada de um recorde no número de desalentados: 4,8 milhões nos últimos três meses, 203 mil pessoas a mais do que no trimestre anterior. A taxa formal de desemprego, medida pela quantidade de gente em busca de um trabalho, cai menos em função do aumento de vagas e mais pela desistência de candidatos. Acrescente-se ainda à tragédia o drama do subemprego: os subocupados, que trabalham menos do que gostariam por falta de chance, subiram de 6,2 milhões para 6,5 milhões do primeiro para o segundo trimestre do ano.
Exército marginal
Somando desempregados, subocupados, desalentados e ainda todos os que poderiam trabalhar, mas não o fazem por algum motivo, o Brasil tem hoje uma massa de 27 milhões de pessoas sem trabalho satisfatório. Um exército que representa quase um quarto (24,6%) da força de trabalho e que não tem estímulo ou oportunidade para desenvolver o seu potencial, sobrevivendo de ‘bicos’ ou à margem do mercado. Um enorme desperdício de capital humano. Além de ser um problema social explosivo.
Povo sabe tudo
Na última sondagem de entidades do setor comercial (CNDL e SPC) para apuração do Indicador de Confiança do Consumidor, em julho, 84% dos consumidores consideram o cenário ruim ou muito ruim e 73% atribuíram como principal razão o desemprego. O povo já entendeu, antes até dos economistas, que a desocupação virou um entrave à economia, segurando o consumo que gira a produção. E a ironia nisso tudo é que a maior reforma trabalhista em 40 anos foi feita pelo governo Temer e pelo Congresso com a justificativa de criação de empregos. Um fiasco retumbante. Não é à toa que os atuais mandatários federais são recordistas de impopularidade.
Péssimo na foto
Hoje, o Brasil está na 204ª posição do ranking de desemprego que considera 233 países. Ou seja, quase todos estão em situação melhor no mundo, cuja desocupação média anda em 5,5%, menos da metade da taxa brasileira.
Ninguém segura
A campanha de Sérgio Murilo Braga à presidência da OAB Minas está crescendo em ritmo e volume. No comando da CAA, o fundo assistencial da categoria, ele tem rodado o Estado com uma série de projetos voltados para os advogados. Só nesta semana, faz duas grandes inaugurações, em regiões diferentes: uma nova unidade dos Escritórios Compartilhados, desta vez em Montes Claros, e mais um Centro de Excelência Jurídica, agora em Uberlândia. Segundo rumores na categoria, o presidenciável também teria conquistado um aliado importante na disputa: o advogado Charles Vieira.
Plano B no ar
O avanço de Sérgio Murilo já assusta o grupo no poder da OAB. E vem gerando rumores sobre uma possível substituição da cabeça da chapa da situação. O atual presidente, Antônio Fabrício, segue tocando a candidatura à reeleição. Mas o chefe do grupo, Raimundo Cândido, estaria cogitando lançar outro nome para enfrentar o presidente da CAA: o seu sobrinho Raimundinho Neto. A aposta de Raimundo é que a transferência de seu prestígio na categoria seria mais intensa no caso do parente. Caso o plano vingue, seria a terceira geração da família Cândido na OAB mineira.
Eleitor ausente
A campanha eleitoral está liberada nas ruas, mas a agenda dos candidatos continua restrita a reuniões em ambiente fechado com gente do próprio meio político – prefeitos, vereadores, dirigentes, militantes de partidos etc. Poucos se arriscaram até agora a fazer comício. Não há clima. O eleitor ainda não deu o ar da graça na campanha.