A pouco menos de dois meses do início da Copa do Mundo feminina de futebol, a seleção brasileira vai de mal a pior. Depois da Copa América do ano passado, quando o Brasil conquistou o heptacampeonato de forma invicta, contra as fracas adversárias do continente, a equipe do técnico Vadão amargou nove derrotas em dez partidas.
Nesta temporada, a seleção participou do torneio amistoso She Believes Cup, com três derrotas: para Inglaterra, Japão e Estados Unidos. O time sofreu seis gols e marcou apenas dois. Após o torneio, o Brasil ainda fez dois amistosos, contra Espanha e Escócia, ambos em preparação para o Mundial, que começa em junho, com duas derrotas.
Mesmo com todos os resultados negativos, o técnico Vadão segue firme e forte no comando da seleção. Não sou a favor de demitir o treinador com algumas derrotas, mas, por muito menos, Emily Lima, ex-técnica da seleção, foi despedida do cargo. Emily, a primeira mulher a comandar o time feminino do Brasil, assumiu a equipe em novembro de 2016 e teve um início arrasador, com sete vitórias seguidas. Mas, após seis partidas em que teve um empate e cinco derrotas, a treinadora foi desligada da função.
Qual o motivo da diferença de tratamento da Confederação Brasileira de Futebol com os dois técnicos? Por que Vadão merece mais tempo e paciência com os resultados negativos do que Emily?
Fica difícil não responder a essas perguntas com a questão do gênero. Por ser homem, Vadão “ganha” mais credibilidade do que a primeira técnica a comandar uma seleção brasileira de futebol. E, além de pouca mídia específica, como é o caso das “Dibradoras”, ninguém questiona os resultados ruins de Vadão.
Aos poucos, o futebol feminino vem ganhando mais destaque, principalmente após a obrigatoriedade de os clubes da Série A também investirem na modalidade.
Mas não adianta só a exigência dos times e da competição. Para o futebol feminino continuar crescendo, a CBF tem que investir em quem faz a modalidade desde sempre. A Emily foi jogadora e viveu o esporte por muitos anos. Merecia mais tempo para mostrar seu trabalho à frente da seleção.
É bacana ver o momento que o futebol feminino vive, com campeonatos e times de camisa. Mas seria muito melhor se víssemos também cada vez mais mulheres na comissão técnica das equipes, como treinadoras, auxiliares, dirigentes e outras funções da modalidade.