Ainda em tempo, parabenizo aqui, neste espaço semanal, o América por mais um acesso à Série A do Campeonato Brasileiro. Jogar um torneio como a Série B é um desafio enorme por uma série de fatores, e manter essa regularidade conseguida durante a maior da temporada do Nacional talvez seja o mais complicado.
Foram poucas as equipes que conseguiram se manter no topo durante esse longo tempo. O Guarani, por exemplo, é a grande decepção do ano na Série B. Começou a competição a todo vapor, chegou a liderar, mas uma queda brusca faz o time encerrar o ano na luta contra o rebaixamento. Beira o inacreditável.
O Juventude, que ontem encarou o Coelho, no Horto, é outro que iniciou a disputa e se posicionou no topo, mas passou a ser encarado como um coadjuvante. O próprio Internacional, por todo o investimento, camisa e tradição que tem, demorou a acordar.
Todos que conviveram com momentos de crise, enquanto despencavam na tabela, viram o Coelho entre os líderes. A equipe entrou de vez no G-4 na 11ª rodada e não saiu mais, liderando o torneio por oito rodadas, contando já com a do fim de semana.
Mas engana-se quem acha que o América também não teve problemas e que não levou sustos na campanha. Conseguir contorná-los e não fazer com que isso se refletisse na classificação tem a maior parte dos méritos destinadas ao trabalho de Enderson Moreira.
Da chegada à virada do turno da Série A do ano passado até a conclusão do trabalho com o acesso conseguido no último sábado, com a vitória diante do Figueirense, Enderson merece palmas por uma série de aspectos.
Inicialmente, por ter assumido um projeto no meio do Brasileiro anterior, quando todos imaginavam que a queda era muito difícil de ser evitada. O rebaixamento realmente veio, mas o terreno já vinha sendo preparado para este 2017.
Depois, no meio do caminho de sucesso atual, quando já se percebia que seu trabalho dava bons frutos e que o time se aproximava daquilo que se desejava, cumpriu sua palavra com o projeto e resolveu continuar em Belo Horizonte, ainda que com assédio e propostas de times da Primeira Divisão. Honroso.
Com o torneio em andamento, o comandante lutou contra diversos problemas no elenco deste ano, lesões em vários momentos e em todos os setores do campo. Poucas vezes conseguiu repetir o time, que mantinha a mesma cara e método de jogo ainda que com as dificuldades enfrentadas.
É impossível não dar a Enderson Moreira o reconhecimento pelo ano vivido pelo América. Resta agora à diretoria fazer o esforço necessário para segurá-lo no Lanna Drumond e reiniciar o trabalho na elite. É certo que não será nada fácil manter uma campanha sólida em um novo nível de dificuldade que estará representado.
Agora, é fundamental que o Coelho consiga entender sua realidade e seus objetivos na Primeira Divisão, e que vá certeiramente ao mercado, para que não seja apenas um retorno com prazo de validade, o que realmente acontece com a maioria dos elencos que deixam a segundona rumo à elite.