O Atlético começa hoje a última etapa rumo ao seu principal objetivo no primeiro semestre: a entrada definitiva na Copa Libertadores, por meio da fase de grupos. Assim como mostrou o desafio contra o Danubio, disputado nas duas últimas semanas, o encontro com o Defensor, do Uruguai, deve ser tratado da mesma maneira, com atenção e a certeza de que dificuldades devem existir.
Em alguns momentos, o Atlético demonstra ainda não ser uma equipe confiável defensivamente, o que foi claro nos dois jogos da segunda fase. Se ofensivamente a capacidade das peças, sobretudo Cazares e Ricardo Oliveira, tem sido comprovada nessa fase inicial, na defesa o estado ainda é de atenção. Juntando ida e volta, o Galo levou quatro gols do Danubio, que não acertou a meta muito mais vezes que isso, e acabou complicando um duelo que parecia de tranquilidade, pela intensa atuação nas ações iniciais na Arena Independência.
Se observarmos bem o segundo jogo no Horto, o Atlético nem sofreu tanto, mas cenários de dificuldade anteriores, além do fato de que sofrer um único gol jogaria tudo fora, preocupam. Se o desempenho inicial foi excelente, o segundo tempo acabou sendo desastroso, passivo, muito por conta de um sistema defensivo menos firme que o ideal. Deu-se a entender que, fosse o Danubio um adversário mais qualificado, o Atlético poderia ter problemas maiores.
Após o jogo, a velha frase do “se não for sofrido não é Galo” reapareceu. Enquanto torcedor e clube se apoiarem nisso, os equívocos vão seguir sendo escondidos. Para muitos, a sentença acaba se tornando uma justificativa para os erros, algo como “para o Atlético sempre tem que ser assim”. Não tem.
Quanto à formação, não creio que grandes mudanças sejam necessárias, assim como Levir Culpi demonstra pensar por suas convicções. Pensando peça por peça, o Atlético tem colocado em campo algo que se aproxima do que tem de melhor para o momento, com uma ou outra contestação.
A tão cobrada presença de Guga entre os titulares pouco tem a ver com o desempenho do jovem lateral, mas com o nível de impaciência com o dono da posição, Patric. É evidente que o recém-contratado tem muito potencial e certamente deverá assumir a titularidade em breve, mas a justificativa para tamanha euforia em seu favor está mais relacionada às atuações do então titular.
Por outro lado, observam-se boas participações de Maicon Bolt, sempre chamado entre os reservas e titular em algumas oportunidades de equipe alternativa no Campeonato Mineiro, em que o Atlético é líder, ainda que este torneio claramente não seja seu objetivo neste momento, como não tem que ser. Em que pese atuações irregulares dos titulares, sobretudo Chará, Maicon pode ganhar mais espaço.
Peça por peça, é claro que o Atlético tem mais qualidade, mas seria irresponsável cravar que isso é o suficiente para garantir uma classificação no confronto iniciado na noite de hoje. Experiências anteriores já comprovaram o contrário. Porém, é claro que o natural é uma classificação garantida após os dois jogos.