A abertura do Campeonato Brasileiro foi cruel para as duas maiores torcidas de Belo Horizonte. Enquanto o Cruzeiro nada fez contra o Grêmio, o Atlético tinha a vitória nas mãos, mas acabou cedendo a virada nos últimos minutos em São Januário. As derrotas, em si, não foram absurdas. O problema foi como elas aconteceram.
No sábado, a Raposa encarou o Tricolor e não teve qualquer reação. Nem depois de sofrer o gol, já no segundo tempo, foi capaz de imprimir um ritmo mais forte. Chutou duas vezes a gol durante os 90 minutos e ficou bem menos tempo com a bola do que seu rival.
Em casa, no Mineirão, os comandados de Mano Menezes têm por obrigação conduzir o jogo a sua maneira. Se realmente o time é um dos favoritos ao título brasileiro, não pode simplesmente observar o adversário jogar e estabelecer uma estratégia ineficiente no ataque. O contra-ataque, definitivamente, não é uma opção para quem precisa ser mais objetivo.
A bola precisa estar com os celestes, ainda mais contra uma equipe extremamente bem posicionada por Renato Portaluppi. Alias, o gremista conseguiu suprir todas as suas necessidades mesmo sem Luan e Geromel, pilares na equipe e fundamentais nas conquistas recentes do clube.
Por fim, se o Cruzeiro precisa de resultado positivo contra a Universidade de Chile, em Santiago, atacar será crucial. A Raposa precisa mostrar que não vive apenas de lampejos criativos no ataque, mas que também é um grupo organizado para vencer quem vier pela frente.
No domingo, o Galo até tentou ser mais audacioso no primeiro tempo e quase matou o jogo, mas, na segunda metade, a passividade característica voltou a aparecer. E pior: custou não só a vitória, como também culminou no revés.
Explicar a derrota alvinegra no Rio de Janeiro passa pelas mudanças proporcionadas pelo técnico Thiago Larghi. Além de ter poucas opções no banco de reservas – daí passamos também pela diretoria, que não conseguiu contratar quase nenhum jogador para compor os 11 iniciais –, comete erros que culminam em derrotas.
Explorar o contra-ataque seria mais interessante se o time tivesse profundidade para aproveitar os espaços deixados pelo Vasco. Sem jogadores de velocidade – vale lembrar que Luan atuou no meio campo, e não no ataque – o time virou uma presa fácil para Zé Ricardo, que jogou seus atletas para cima do goleiro Victor. O cruz-maltino teve 67% de posse de bola, enquanto chutou o dobro de vezes que o Atlético.
Fundamentalmente, não é porque os mineiros dominaram parte do jogo que mereceriam sair com a vitória. Aliás, Thiago Larghi repete o mesmo erro que culminou na perda do título estadual: em vez de matar a decisão, ele traz seu adversário para seu campo de defesa e é golpeado.
É importante estabelecer estratégias, mas, antes disso, é preciso ver o que se tem em mãos. Isso vale para os arquirrivais, que acham que podem sair vencedores mesmo não atacando. Dessa forma, nesta temporada, ambos não alcançarão nenhum de seus objetivos – sejam eles quais forem.