O texto de hoje pode até parecer uma continuação da minha última coluna que saiu há duas semanas. E olha que, nem de longe, eu imaginaria que a Conmebol fosse me dar razão em tão pouco tempo para abordar ela novamente. Falei no último texto sobre a preocupação da entidade em fazer a final da Libertadores de 2019 em jogo único em Santiago (Chile), seguindo os moldes da Liga dos Campeões, e destaquei que a mesma, antes de pensar na Europa, deveria ter mais cuidado com a própria organização da competição. E o que vimos nesta semana em relação à punição ao Santos mostra como simplesmente não dá para levar essa entidade a sério.
Antes de mais nada, quero deixar claro que o Santos errou e foi amador, sim. É sabido que não se pode confiar no Comet – o que também considero absurdo, uma vez que o sistema é licenciado pela Fifa e deveria, entre outras coisas, mostrar se o jogador tem ou não punição a cumprir, o que não aconteceu no caso de Carlos Sanchéz. O Santos se apoiou no falho sistema e não encontrou irregularidades para escalar o meia. Na dúvida, deveria ter feito uma consulta formal, assim como fez o River Plate, que falaremos mais adiante. Fato é que a diretoria santista vem batendo cabeça em muitos aspectos e um erro juvenil como esse escancara o quão bagunçado está um dos clubes mais tradicionais do país. Uma pena.
Mas voltando a Conmebol: o erro grosseiro do clube não apaga a vergonha que é essa entidade. A partir do momento em que o Independiente denunciou o Santos, marcar o julgamento do caso para um dia antes do jogo já me soava algo desrespeitoso e amador. Para piorar, a Conmebol adiou o resultado para o dia do jogo e só informou a decisão faltando cerca de oito horas para a partida. Não dá para levar a sério. É muita falta de cuidado e de respeito com a própria competição, com os clubes envolvidos e com os torcedores.
Bruno Zuculini, do River Plate, entrou em campo sete vezes durante a competição de forma irregular. Não estamos falando de um jogo, nem de dois, estamos falando de absurdas sete partidas. Os argentinos, ao contrário do Santos, consultaram formalmente a Conmebol para saber a situação do atleta. E a entidade, vejam só, equivocadamente, deram condição ao jogador. A entidade que organiza e promove a competição não consegue sequer saber se um atleta está ou não atuando de forma irregular. É simplesmente inacreditável e absurdo.
Mas vamos lá, pessoal. Vamos aproveitar o último ano em que os clubes finalistas desta exemplar competição, gerida por tanta gente comprometida e capaz, vão poder jogar diante dos seus torcedores. Afinal, ano que vem, é a hora de a Conmebol mostrar à América do Sul e ao restante do mundo como estamos próximos da organização europeia que faz da Liga dos Campeões a maior competição de clubes do planeta. Essa é a mesma Conmebol que não encontra solução para jogos na altitude, que não consegue combater as injúrias raciais entre as torcidas sul-americanas e que sequer consegue organizar a competição com o mínimo de competência aceitável.