Tensão

Bolsa suspende negócios após queda de 10% com anúncio de pandemia de coronavírus

Circuit breaker foi acionado pela segunda vez nesta semana

Por Estadão Conteúdo
Publicado em 11 de março de 2020 | 15:26
 
 
 
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A aversão ao risco continuou a dar o tom dos negócios na última hora, com aprofundamento das perdas nas bolsas de Nova York e na brasileira. Em Wall Street, os principais índices acionários registram quedas superiores a 4%. Por aqui, o Índice Bovespa bateu em 82.887,24 pontos.

Com a queda superior a 10%, o mecanismo de circuit breaker, que suspende os negócios, foi acionado. O dólar, que avança ante a grande maioria das moedas de países emergentes e exportadores de commodities, renovou máximas sobre o real, sendo negociado acima de R$ 4,72

O temor sobre os efeitos do coronavírus continua no centro das atenções e se agravou no início da tarde, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que o Covid-19 corresponde a uma pandemia, com o seu espalhamento pelo mundo.

Segundo o balanço mais recente da entidade, há atualmente mais de 118 mil casos de coronavírus confirmados, em 114 países, com 4.291 mortes. A entidade ainda advertiu que, nas próximas semanas, deve aumentar o número de casos e também as mortes causadas pela doença.

"Todos os países devem rever suas estratégias contra o coronavírus agora. Orientamos as nações para que encontrem, isolem, testem e tratem todos os casos", afirma a organização, observando que a taxa de mortalidade do vírus está se mostrando muito maior do que da de um influenza comum.

Às 14h35, o índice Dow Jones recuava 4,75% e o SP 500 perdia 4,32%. O banco Goldman Sachs divulgou que prevê mais quedas nas bolsas em Nova York e estima que o S&P 500 caia para 2.450 pontos no meio do ano, o equivalente a uma baixa de 15% em relação ao fechamento de ontem. O estrategista de ações do Goldman nos EUA, David Kostin, avalia que o período mais longo de "bull market" (alta das ações) da história da economia americana, que já dura 11 anos, deve terminar "em breve", escreve em relatório.

Em meio aos casos de coronavírus que aumentam no Brasil, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciou que a mesa diretora se reunirá para decidir sobre a publicação de uma portaria restringindo o acesso à Câmara.

Na mínima, o Ibovespa registrou 85.032,91 pontos, com perda de 7,79%. Ontem a bolsa brasileira teve alta de 7,14%, recuperando parte das perdas de mais de 12% do dia anterior. Os American Depositary Receipts (ADRs) de Petrobras, Vale e das aéreas Azul e Gol acompanham a forte piora dos mercados acionários de Nova York nesta tarde. O ADR mais líquido da Petrobras caía há pouco 10,49%, enquanto que o da Vale despencava 7,34%.

No mercado de câmbio, o dólar à vista era negociado a R$ 4,7063, em alta de 1,27%. No mercado futuro, a moeda para liquidação em abril subia 1,24%, aos R$ 4,7120.

Petrobrás e Vale

As ações de Petrobrás e Vale também aceleraram quedas com a deterioração do mercado após a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar o coronavírus como uma pandemia. Petrobrás ON cai 8,93%, a ação PN recua 8,66%, e Vale ON cai 8,37%.

Petróleo tem queda

Os contratos futuros de petróleo ampliaram suas perdas após a divulgação do relatório de estoques da commodity nos Estados Unidos. O Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês) informou que os estoques de petróleo aumentaram 7,664 milhões na última semana, bem acima da previsão de 1,9 milhão de barris dos analistas.

Às 11h34 (de Brasília), o petróleo WTI para abril recuava 3,20%, a US$ 33,27 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para maio tinha baixa de 3,01%, a US$ 36,10 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE). 

Ásia

Após uma terça-feira de recuperação na Ásia, as Bolsas do continente fecharam em queda generalizada nesta quarta, mantendo o padrão de volatilidade das últimas semanas, enquanto investidores acompanham os desdobramentos da epidemia de coronavírus e possíveis medidas de estímulos por governos e bancos centrais. 

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