Crise de gestão

Confusão no MEC pode atrasar Enem deste ano

Demissões como a do presidente do Inep impedem definições do exame


Publicado em 29 de março de 2019 | 03:00
 
 
 
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Brasília. A confusão no Ministério da Educação (MEC) está inviabilizando até a polêmica comissão criada para analisar as questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o que pode atrasar todo o cronograma do maior vestibular do país.

O grupo começou a trabalhar no dia 20 e deve terminar nesta sexta-feira (29) ou, no máximo, segunda (a regra previa que a análise duraria dez dias). O problema é que as perguntas consideradas inadequadas pela comissão devem obrigatoriamente ter um parecer pelo responsável pela Diretoria de Avaliação de Educação Básica (Daeb), do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep).

O diretor Paulo Roberto Cesar Teixeira pediu demissão na quarta-feira (27), e ninguém foi nomeado para substituí-lo. Também seria do presidente do Inep a função de dar o parecer final para saber se as questões ficam ou não na prova. Marcus Vinicius Rodrigues, que ocupava o cargo, foi exonerado terça-feira, depois de desentendimentos com o ministro Ricardo Vélez Rodríguez. O chefe da pasta disse que Rodrigues aprovou mudanças na avaliação para alfabetização sem o consentimento dele – “puxou o tapete”, conforme afirmou na quarta-feira em audiência na Câmara dos Deputados. Só depois de a comissão finalizar seus trabalhos é que serão escolhidas as 180 questões da prova deste ano, em um trabalho demorado porque envolve análises pedagógicas e técnicas, uma vez que o Enem mantém um rigoroso método estatístico. O exame será em novembro.

Conforme noticiou o jornal “O Estado de S. Paulo” com exclusividade no dia 20 deste mês, a função da comissão com três membros era a de fazer uma análise transversal dos chamados itens – as questões. O objetivo era o de “identificar abordagens controversas com teor ofensivo a segmentos e grupos sociais, símbolos, tradições e costumes nacionais”.

Quem está assumindo as funções de presidente de Inep, embora não nomeado ainda, é o general Francisco Mamede de Brito Filho. Ele não tem experiência específica na área da educação e nem em avaliações. O militar serviu no Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República e comandou o Batalhão Brasileiro no Haiti.

‘Ministro não tem tato político’

Brasília. O presidente Jair Bolsonaro disse que vai conversar com o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, sobre o futuro da pasta. Segundo ele, Vélez “não tem tato político”. Em três meses de governo, várias mudanças já ocorreram no Ministério da Educação (MEC), com exonerações de cargos de confiança.

“Tem problema sim, ele é novo no assunto, não tem o tato político, vou conversar com ele e tomar as decisões que tiver que tomar”, disse Bolsonaro. “É educação, tem que dar certo no Brasil, é o mais importante”, afirmou. Bolsonaro não mencionou se Vélez permanecerá no cargo.

“Não vou ameaçar nenhum ministro publicamente. Vamos conversar e se tiver alguma coisa que não esteja dentro da normalidade, a gente acerta”, disse. “Falo com todos os ministros. Um ministério que teve ruído no passado, sempre a gente busca conciliar e acertar e estamos continuando nessa linha”, disse.

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